Para voltar ao início, é importante ao menos tentar entender por que Saddam Hussein decidiu, em 1990, invadir o vizinho Koweit? A resposta pode ser encontrada no seu estado de espírito após o fim da guerra Irão-Iraque, depois de oito anos de luta. Ele foi apoiado pelos países ocidentais, na esperança de que parasse a expansão iraniana no norte do Iraque e se aproximasse das monarquias do Golfo, com a sua ideologia islâmica xiita. O exército iraquiano fez exatamente isso, com muitas baixas (é bom não esquecer que o Iraque começou a guerra em 1980). Assim, Saddam esperava muito mais valorização do que recebeu, que deveria incluir a anulação das suas dívidas para com os Estados do Golfo e talvez incluir o Iraque no Conselho de Cooperação do Golfo. Claro que isso não aconteceu, na verdade foi o contrário. Segundo algumas informações, o Koweit aumentou a sua produção de petróleo, provocando a queda dos preços no mercado mundial e, ao mesmo tempo, do lucro iraquiano com a exportação de petróleo. A razão para isso pode ser encontrada no medo de que o Iraque se tornasse muito poderoso depois de desempenhar o seu papel positivo na guerra com Teerão e, portanto, deveria ser posto de volta "no seu lugar". Se alguém tivesse a oportunidade de acompanhar o comportamento de Saddam, saberia que foi provavelmente a raiva que levou o líder iraquiano a enviar o exército para o Koweit. Nada mais do que isso. Convém não esquecer, como bem disse Piro, que ele se via como o terceiro líder árabe mais importante (depois do profeta Maomé e de Saladino, às vezes até como primo de Hamurabi, governante da Babilónia).