Trump promove falsa teoria sobre nascimento de Kamala Harris

Professor de Direito alega que Kamala Harris não é uma cidadã nata dos Estados Unidos porque os seus pais não eram residentes no país aquando do seu nascimento.

Donald Trump resolveu alimentar uma falsa alegação de que Kamala Harris, a candidata democrata à vice-presidência da Casa Branca, não era elegível para o cargo, ecoando uma a teoria infundadade sobre a nacionalidade da senadora, semelhante à que também promoveu em relação a Barack Obama.

Numa conferência de imprensa na Casa Branca, quinta-feira, Trump foi questionado sobre "as alegações que circulam nas redes sociais" de que Harris não era elegível e se o presidente poderia dizer se a candidata preenchia os requisitos legais para ser vice-presidente.

"Eu ouvi hoje que ela não preenche os requisitos. E, a propósito, o advogado que escreveu esse artigo é um advogado muito qualificado e muito talentoso. Não tenho ideia se isso está certo", disse Trump.

"Presumiria que os democratas teriam verificado isso antes de ela ser escolhida para concorrer a vice-presidente", acrescentou. "Mas isso é muito sério, estão a dizer que ela não está elegível porque não nasceu neste país", concluiu.

O repórter respondeu que Harris nasceu nos Estados Unidos, mas que os pais dela podiam não ser residentes permanentes no país na altura.

Trump estava aparentemente a referir-se a um artigo publicado na Newsweek por um professor de Direito conservador, que afirmava erroneamente que a senadora da Califórnia não era elegível para servir o país como vice-presidente ou presidente por causa do estatuto de imigração dos seus pais quando Kamala Harris nasceu.

Kamala Harris nasceu em Oakland, Califórnia, em 1964, filha de pai jamaicano e de mãe indiana.

Trump ganhou proeminência política nacional ao promover a mentira sobre o nascimento de Obama, alegando que o primeiro presidente negro dos Estados Unidos não nasceu no país.

Porém, Trump reconheceu a contragosto no final de sua campanha presidencial de 2016 que Obama nasceu nos Estados Unidos.

No seu artigo na Newsweek, o professor de Direito da Chapman University, John Eastman, afirmou que alguns "comentadores" disseram que Harris era inelegível porque não era uma "cidadã nata", já que os seus pais não eram cidadãos americanos naturalizados na altura do nascimento dela.

De acordo com a Constituição, qualquer cidadão americano nato com mais de 35 anos é elegível para ser presidente ou vice-presidente.

O especialista em direito constitucional Erwin Chemerinsky disse à CBS News que a alegação sobre Harris "é um argumento verdadeiramente estúpido".

"De acordo com a secção 1 da 14.ª Emenda, qualquer pessoa nascida nos Estados Unidos é cidadã norte-americana. O Supremo Tribunal mantém essa lei desde a década de 1890. Kamala Harris nasceu nos Estados Unidos", disse o reitor da Escola de Direito da Universidade de Berkeley num e-mail para a CBS.

"Alguns conservadores, como John Eastman, acham que isso é errado e nascer no país não é suficiente. Estão claramente errados sobre a interpretação da 14.ª Emenda e o precedente da Suprema Corte", frisou.

O artigo de Eastman foi publicado um dia depois de o candidato democrata Joe Biden ter anunciado Kamala Harris como sua vice-presidente, tornando-a a primeira mulher negra a ser escolhida por um grande partido para o cargo.

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