Segundo maior lago da Bolívia secou. E pode não haver volta a dar

O Poopó tinha uma extensão de 2.337 quilómetros quadrados. Agora está reduzido a menos de um quilómetro, com apenas três áreas húmidas

Aquele que era o segundo maior lago da Bolívia é agora um deserto. O Poopó, que tinha uma extensão de 2.337 quilómetros quadrados, está agora reduzido a menos de um quilómetro, com apenas três áreas húmidas, com uma profundidade que não ultrapassa os 30 centímetros. Recuperar o lago parece ser uma missão impossível, alertam os especialistas.

Todo o ecossistema está destruído. As pessoas migraram, os animais fugiram ou morreram, a fauna desapareceu.

Cerca de 200 espécies de aves, peixes, mamíferos, répteis desapareceram do lago Poopó, aumentando o risco de extinção de algumas espécies, nomeadamente, segundo o ornitólogo Carlos Capriles, citado pelo jornal boliviano La Razón, três espécies de flamingos.

Sem água e sem peixe, cerca de 350 famílias foram obrigadas a migrar.

Desde 2002 que o lago Poopó era considerado um ecossistema de importância internacional, mas em dezembro do ano passado foi declarado oficialmente como "evaporado". O El Nino e o aquecimento global são apontados como os principais culpados desta transformação, que não aconteceu de um dia para o outro. Por isso, a falta de atenção dada ao problema pelas autoridades é também responsável pela seca. Bem como a atividade humana e a indústria mineira, feita de forma "irresponsável", daquela região.

O rio Desaguedero era a principal fonte de alimentação dos lagos Poopó e Titicaca (o maior da Bolívia), mas desde a década de 1990 que as autoridades privilegiaram este último, impedindo que a água chegasse nas quantidades necessárias ao Poopó.

Além disso, um fundo de 15 milhões de dólares criado na sequência de um acordo entre a Bolívia e a União Europeia, em 2010, terá sido mal aplicado. O ex-presidente da Câmara da cidade de Oruro, Luis Aguilar, afirmou ao La Razon que o seu sucessor foi mal aconselhado e gastou o dinheiro em projetos sem sentido.

Praticamente sem esperanças de recuperar o lago, o governo boliviano e as autoridades de Oruro anunciaram esta terça-feira um plano que inclui uma ajuda humanitária de 3,25 milhões de dólares e trabalho técnico sobre a água que pode chegar ao Poopó. O vice-ministro de Recursos Hídricos e Irrigação, Carlos Ortuñez, admite que encher o deserto será o "maior desafio".

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