Responsável do contraterrorismo de Viena suspenso de funções. "Erros óbvios" e "inaceitáveis"

Investigação refere que o atacante tinha mantido contacto com pessoas monitorizadas pelo organismo de luta contra o terrorismo em Viena, mas nenhuma ação foi tomada.

O responsável da luta contra o terrorismo em Viena (LVT) foi suspenso, anunciou esta sexta-feira o chefe da polícia, quatro dias depois do ataque à cidade e as revelações de erros na vigilância do atacante.

Durante a investigação, descobriu-se que o atacante tinha mantido contacto com pessoas monitorizadas pelo LVT, mas nenhuma ação foi tomada na altura, segundo o ministro do Interior, Karl Nehamer, que denunciou "erros óbvios" e, na sua opinião, "inaceitáveis".

O responsável desta entidade, Erich Zwettler, renunciou ao cargo.

"Ele pediu-me para o suspender das suas funções porque não quer obstruir a investigação", afirmou hoje o chefe da polícia, Gerhard Purstl.

"Mesquitas radicais" encerradas em Viena

Também hoje, o Governo austríaco ordenou o encerramento de duas "mesquitas radicais" frequentadas pelo autor do ataque de segunda-feira.

"O Gabinete de Assuntos Religiosos foi informado pelo Ministério do Interior que o assassino tem frequentado regularmente desde a sua libertação da prisão duas mesquitas em Viena. "Segundo os serviços de inteligência, a visita a essas mesquitas ajudou a radicalizar o agressor", afirmou a ministra para as Mulheres e Integração, Susanne Raab, durante uma conferência de imprensa.

A revelação chega quando o Governo já tinha admitido não ter conseguido identificar a perigosidade do agressor, apesar de um alerta.

Agressor tinha 20 anos e tentou obter munição na Eslováquia no verão

Kujtim Fejzulai, que abriu fogo na segunda-feira à noite no centro da capital austríaca, matando quatro pessoas antes de ser baleado pela polícia, tentou obter munição na Eslováquia, em julho.

Os serviços secretos desse país vizinha da Áustria informaram então os homólogos de Viena, mas isso não conduziu a qualquer ação concreta.

Desde esta confissão, o ministro do Interior tem estado sob pressão, com alguns membros da oposição alegando que o ataque islâmico, o primeiro desta magnitude a atingir a Áustria, poderia ter sido evitado.

O agressor austríaco de 20 anos, cujos pais são da Macedónia do Norte, foi condenado em abril de 2019 por ter tentado integrar as fileiras dos combatentes 'jihadistas' na Síria e foi libertado no início de dezembro do mesmo ano, tendo, então, começado a frequentar as mesquitas em questão.

Em nota, a principal organização representativa dos muçulmanos, o IGGO, que gere 360 mesquitas, confirmou o encerramento de um local de culto que "violava" a sua "doutrina".

"A liberdade é um bem precioso no nosso país, que devemos proteger contra abusos, inclusiva quando emana das nossas fileiras", comentou o presidente da organização, Umit Vural.

Detidas 16 pessoas

No rescaldo do ataque, o chanceler conservador, Sebastian Kurz, mostrou a sua determinação em lutar contra o "Islão político", uma "ideologia" que representa um "perigo" para o "modelo de vida europeu".

No processo, a polícia procedeu à detenção de 16 homens, incluindo alguns já conhecidos na Justiça por crimes de caráter terrorista.

Seis desses suspeitos foram libertados, afirmou a porta-voz do procurador à France-Press, Nina Bussek, já que as suspeitas sobre eles não foram comprovadas.

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