Presidente turco diz que golpistas controlam instituições em Moçambique
Erdogan discursou esta terça-feira em Maputo, dizendo que muitos envolvidos no golpe de Estado da Turquia estão em Moçambique
O Presidente da Turquia disse hoje em Maputo que pessoas alegadamente envolvidas na tentativa de golpe de Estado na Turquia têm uma ampla rede de instituições em Moçambique e pediu às autoridades locais apoio na sua neutralização.
"Nós sabemos que elementos deste grupo [supostamente envolvido na tentativa de golpe de Estado] estão presentes em Moçambique, infiltraram-se nas Forças Armadas da Turquia e estão a replicar a sua iniciativa, a sua agenda oculta, em várias partes do mundo. Têm uma rede vasta de escolas e associações em várias partes do mundo e têm uma rede muito ampla aqui em Moçambique", afirmou Recep Tayyip Erdogan, numa declaração à imprensa, no final das conversações entre as delegações dos governos turco e moçambicano.
Sem apontar nomes, o chefe de Estado turco disse que essas instituições vão tentar alcançar em Moçambique os mesmos objetivos que perseguem na Turquia.
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"O que procuram alcançar na Turquia, vão procurar alcançar também em Moçambique, mais tarde ou mais cedo, é algo que nos chama atenção, são questões que vamos ter de ultrapassar", sublinhou Erdogan.
Erdogan acrescentou que o seu país está pronto a ajudar Moçambique na neutralização dos alegados elementos hostis ao Governo turco, destacando que a visita que iniciou hoje será um momento de viragem na cooperação bilateral.
Presente ao lado de Erdogan, o chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, não fez qualquer referência ao assunto, fazendo declarações apenas relativas à cooperação económica e comercial entre os dois países e aos seis acordos bilaterais que os dois governos assinaram.
A neutralização de pessoas que o Governo turco acusa de serem fiéis ao líder muçulmano Fethullah Gulen, a quem Ancara imputa a autoria de uma tentativa de golpe de Estado de julho do ano passado, é um dos temais centrais da visita que Recep Tayyip Erdogan realiza a três países africanos, que, além de Moçambique, inclui a Tanzânia e Madagáscar, em paralelo com o reforço das relações económicas e comerciais.