21 março 2018 às 20h21

Sarkozy sai indiciado e com apresentações periódicas às autoridades

Após dois dias de interrogatório, ex-presidente francês voltou para casa mas terá de responder por acusações de corrupção passiva, financiamento ilegal de campanha eleitoral e ocultação de fundos públicos líbios.

Abel Coelho de Morais

Ouvido pelo juiz durante 27 horas, Nicolas Sarkozy regressou ontem a casa. Mas o ex-presidente francês foi indiciado no caso do financiamento líbio da sua campanha de 2007.

Sarkozy terá agora de responder por acusações de corrupção passiva, financiamento ilegal de campanha eleitoral e ocultação de fundos públicos líbios. O antigo chefe do Estado francês fica sujeito a apresentações periódicas às autoridades.

Sarkozy sempre rejeitou estas acusações.

O interrogatório de quase dois dias assinala o regresso às notícias do antigo presidente francês que, segundo fontes próximas, estaria a planear envolver-se novamente na política ativa.

A detenção para interrogatório terá tido origem na divulgação, em 2012, de um documento líbio a comprovar o pagamento de 50 milhões de euros a Sarkozy para que este contribuísse para o fim do isolamento diplomático do regime de Tripoli. A entrega da verba terá sucedido entre finais de 2006, início de 2007, segundo o empresário franco-libanês Ziad Takieddine, embora este último só refira ter entregue, ele próprio, três malas com cinco milhões de euros a Sarkozy, então ministro do Interior, e ao seu chefe de gabinete, Claude Guéant.

Antigos dirigentes do regime de Kadhafi confirmam essas entregas enquanto outros as desmentem. Um facto permanece incontroverso: logo após a sua eleição em 2007, Sarkozy recebeu com grande pompa no Eliseu o antigo ditador líbio.

A linha de investigação agora seguida representa um desenvolvimento de um outro inquérito em que a candidatura de Sarkozy está sob suspeita de corrupção. Durante a campanha de 2007, verificou-se uma inusitada circulação de dinheiro em espécie, que se deveria a donativos anónimos, segundo Guéant. Outros intervenientes na campanha, contestam esta versão. Guéant foi acusado "de fraude fiscal organizada".