Europa Central ameaça vetar futuro acordo do brexit
Hungria, Polónia, República Checa e Eslováquia estão preparadas para vetar qualquer acordo de saída do Reino Unido da União Europeia que limite os direitos de trabalho dos seus cidadãos em território britânico. A garantia foi dada ontem pelo primeiro-ministro eslovaco, Robert Fico, em entrevista à Reuters.
Os líderes de 27 países comunitários estiveram reunidos informalmente esta sexta-feira em Bratislava, a capital eslovaca, naquela que foi a primeira cimeira em décadas sem a presença do Reino Unido. O brexit, declarou Fico, foi um dos temas em cima da mesa.
A União Europeia está a tentar encontrar terreno comum para lidar com o crescente número de imigrantes e como ultrapassar os efeitos dos anos de crise económica. De acordo com o primeiro-ministro eslovaco, o bloco europeu também trocou o debate sobre as quotas obrigatórias de acolhimento por um novo princípio de "solidariedade flexível" na crise dos refugiados.
O grupo de Visegrado - também conhecido por V4 e composto por Hungria, Polónia, República Checa e Eslováquia - tem estado contra os esforços da União Europeia em introduzir as quotas obrigatórias. Agora mantém uma frente unida na proteção dos direitos laborais dos seus cidadãos no Reino Unido. "Os países do V4 serão inflexíveis. A menos que tenhamos uma garantia que essas pessoas (a viver e trabalhar no Reino Unido) são iguais, iremos vetar qualquer acordo entre a União Europeia e o Reino Unido", garantiu Robert Fico na mesma entrevista. "Penso que o Reino Unido sabe que esta é uma questão para nós sem espaço para um compromisso", acrescentou.
O líder do governo da Eslováquia, que ocupa até dezembro a presidência rotativa do Conselho da União Europeia, avisou ainda que o V4 irá continuar a apresentar e a defender as suas posições comuns, as quais, refere, são muitas vezes mais pragmáticas do que as restantes devido às histórias de transformação dos quatro países após colapso da União Soviética.
"Mas o V4 nunca estará contra a União Europeia. Teremos as nossas próprias posições, mas não iremos defendê-las a ponto de prejudicar a União Europeia", afirmou Fico.