01 novembro 2016 às 01h44

Kerry confessa que houve momentos "realmente embaraçosos" na campanha

"Tenho de dizer abertamente: esta eleição dificultou a perceção do nosso país no estrangeiro", disse o secretário de Estado norte-americano no Reino Unido

Lusa

O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, disse hoje em Londres que alguns momentos da corrida presidencial foram "realmente embaraçosos" e que a troca de argumentos durante a campanha "dificultou a perceção externa" dos EUA.

"Tenho de dizer abertamente: esta eleição dificultou a perceção do nosso país no estrangeiro", disse aos estudantes que o ouviam num evento organizado pelo 'mayor' de Londres, Sadiq Khan, durante uma visita à Grã-Bretanha.

O secretário de Estado dos EUA, que funciona como ministro dos Negócios Estrangeiros nas democracias ocidentais, admitiu que houve momentos em que a campanha foi "realmente embaraçosa" e que o seu trabalho ficou mais difícil.

"Há alturas em que isto foge de qualquer norma que eu conheci, e eu concorri a Presidente em 2004", lembrou Kerry, citado pela agência noticiosa AFP, explicando que nunca imaginou "que os debates não estivessem focados em temas reais".

A corrida para a Casa Branca, disputada entre os principais candidatos Hillary Clinton e Donald Trump, cresceu de intensidade, com Trump a alimentar teorias da conspiração sobre manipulação de votos, e Clinton a denunciar derivas autoritárias do seu opositor, para além de um conjunto de momentos que fogem ao tradicional combate político norte-americano.

"E a maneira como isto me dificultou o trabalho é que, enfim, quando te sentas com algum ministro estrangeiro noutro país, ou com um primeiro-ministro de outro país, e dizes 'olha, sabes que realmente tens de afastar-te do autoritarismo em direção à democracia, e eles ficam a olhar para ti; são educados, mas tu percebes qual o pensamento que está na cabeça deles, e nos olhos e na sua expressão. É difícil", admitiu Kerry.

O secretário de Estado norte-americano esteve em Londres para receber um prémio diplomático internacional do centro de pesquisa Chatham House, juntamente com o ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, Mohammad Javad Zarif, pelo seu envolvimento no acordo nuclear iraniano.

As eleições presidenciais norte-americanas disputam-se a 8 de novembro, com Hillary Clinton a ter uma vantagem de sete pontos face a Donald Trump, de acordo com a média das principais sondagens.