Foi raptada do hospital mas não quer voltar para os pais biológicos

Tribunal condenou a dez anos de prisão a mulher que levou Zephany Nurse quando tinha apenas três dias. A jovem, de 19 anos, não quer voltar para a família biológica

Chegou ao fim esta segunda-feira, na África do Sul, um dos mais mediáticos casos julgados no país: uma mulher foi condenada a dez anos de prisão por ter, há 19, raptado uma recém-nascida com três dias do hospital. O desfecho, porém, não impediu que a jovem raptada, e que cresceu como se a mulher agora presa fosse mãe dela, se recusasse a estreitar laços com a família biológica. Quer viver com o "pai" - marido da mulher que a sequestrou - enquanto espera que a "mãe" saia da cadeia.

A história chegou ao conhecimento público em 2015, depois de várias pessoas terem reparado nas semelhanças entre Zephany Nurse - o nome dado à rapariga raptada pela família biológica - e uma colega de escola, na Cidade do Cabo. Os testes de ADN provaram que as duas eram irmãs, permitindo à família de Zephany avançar para tribunal. Não se sabe o nome com que a jovem cresceu, mas a imprensa local refere que a própria, apesar da condenação da sequestradora, considera aquela como a única mãe e não deseja ter qualquer ligação coma a família biológica que a procura há 19 anos.

Esta segunda-feira, a mulher que levou Zephany do hospital foi condenada a dez anos de prisão por uma juíza que sublinhou o facto de ela ter escolhido não entregar a criança, acrescentando que teve "todo o tempo do mundo" para isso, conta a BBC.

Outra agravante prende-se com o facto de não poder sequer alegar que não sabia que a criança sempre tinha sido procurada: todos os anos, os pais biológicos assinalavam o aniversário da filha raptada com iniciativas públicas para recordar o desaparecimento de Zephany.

A sequestradora alega que não foi ela quem levou a recém-nascida do hospital e que a criança lhe foi entregue por uma outra mulher, tendo-se limitado a cuidar da bebé. Uma versão que o tribunal considerou falsa, ainda que a mulher - cujo nome não foi revelado - garanta que é também uma vítima em toda a história. Aos 52 anos, a sul-africana ouviu impávida o veredicto. Afinal, a filha que criou continua a considerá-la a única família que tem, apesar de ter crescido a poucos quilómetros dos pais biológicos.

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