26 abril 2016 às 00h41

Felipe VI pede a partidos que poupem nas campanhas eleitorais

Rei recebe hoje PP, PSOE, Podemos e Ciudadanos. Se não houver acordo até 3 de maio haverá novas eleições a 26 de junho

Patrícia Viegas

Campanhas eleitorais poupadas que não cansem os eleitores. Foi este o pedido que o rei de Espanha ontem deixou aos partidos que ouviu no primeiro dia daquela que é a sua terceira ronda de consultas pelas formações políticas com assento parlamentar.

Segundo o porta-voz do Foro Asturias, Isidro Martínez Oblanca, Felipe VI "expressou o desejo de que os partidos não cansem os eleitores e não façam uma campanha demasiado gravosa para o país". No entender de Martínez Oblanca, "vamos para novas legislativas" porque, sublinhou, os espanhóis "foram vítimas das manobras de Pedro Sánchez que, contando com a ajuda de Albert Rivera, procura evitar um governo do partido que venceu as eleições". Referia-se ao PP de Mariano Rajoy e às legislativas de 20 de dezembro.

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Também o presidente da União do Povo Navarro, Javier Esparza, indicou que o rei acolheu bem a proposta do seu partido no sentido de que haja uma redução de 30% nos gastos com campanhas eleitorais se o país for de novo a votos. "Fez avaliação positiva da proposta", declarou aquele responsável, citado pelos media espanhóis. Sublinhando acreditar que "até ao último minuto tudo é possível", Esparza confessou que "tudo indica que vamos para novas eleições". Admitindo estar "desiludido", considerou que o "melhor para o país" seria um acordo PP-PSOE. O líder da UPN disse ter encontrado Felipe VI "tranquilo e com a mesma responsabilidade [demonstrada logo] na primeira ronda de consultas".

Pedro Quevedo, deputado do Nueva Canarias (que concorreu aliado ao PSOE em dezembro), disse ter sublinhado junto do rei que "esta é uma oportunidade perdida" e que Felipe VI está consciente de "que isto não está fácil". Porém, referiu o responsável, o monarca parece adiar até ao último minuto a constatação de que a hipótese de novas eleições é incontornável. Menos otimista, a representante da Coalición Canaria mostrou-se convencida de que haverá novo voto. "Não há possibilidade de outra coisa nestas últimas horas", declarou Ana María Oramas.

Quando chegou a vez do líder da Esquerda Unida, Alberto Garzón, Felipe VI quis saber sobre a hipótese de uma aliança com o Podemos em caso de novas eleições. "Sim, tivemos conversações sobre a confluência, o rei está interessado", disse Garzón, após a reunião que teve com o monarca. O qual cumprimentou de forma descontraída, sem usar gravata. "Olá, que tal? Como estás", disse o líder da Esquerda Unida, tratando por tu o chefe do Estado. Sobre essa eventual coligação, Garzón indicou que, se vier a acontecer, consultará os seus militantes. "Outra opção seria faltar aos nossos princípios e valores".

Tendo começado esta terceira ronda pelos partidos pequenos, Felipe VI recebe hoje os maiores e mais determinantes no que toca às negociações para a formação de um novo Executivo: o PP do primeiro-ministro ainda em funções Mariano Rajoy, o PSOE liderado por Pedro Sánchez, o Podemos de Pablo Iglesias e o Ciudadanos de Albert Rivera. Se não houver um acordo de última hora até ao dia 3 de maio começa a contar o prazo para a realização de novas eleições legislativas. Estas terão lugar, provavelmente, no dia 26 de junho. Problema? As sondagens apontam para o mesmo resultado inconclusivo obtido a 20 de dezembro. Ou seja: nenhum partido terá maioria absoluta e será preciso negociar.