Ex-presidente taiwanês acusado de fuga de informação secreta
Ma Ying-jeou foi formalmente acusado num caso de escutas telefónicas
O ex-presidente de Taiwan Ma Ying-jeou (2008-16), próximo da China, foi hoje acusado formalmente de cumplicidade em fuga de informação confidencial num caso de escutas telefónicas em 2013.
O caso das escutas desencadeou divisões dentro do Partido Kuomintang (KMT), então no Governo, entre Ma - que o dirigia - e o presidente do parlamento da altura, Wang Jing-pyng, próximo do independentista Partido Democrata Progressista (PDP).
Durante o seu mandato, Ma promoveu uma aproximação à China que levou à assinatura de 23 acordos entre Taipé e Pequim, bem como a uma histórica reunião com o Presidente chinês, Xi Jinping, em Singapura, em novembro de 2015.
Subscreva as newsletters Diário de Notícias e receba as informações em primeira mão.
Ma, que há muito tinha diferenças políticas com Wang, foi informado pelo então procurador-geral Huang Shih-ming sobre um alegado uso indevido de influência, descoberto em conversas entre Wang e o porta-voz do PDP, na altura na oposição, Ker Chien-ming, sobre um caso contra este último.
Huang, que foi condenado a 15 meses de prisão por divulgar informação confidencial, reconheceu no julgamento que tinha comunicado ao então presidente detalhes sobre a investigação a Ker e Wang, a 31 de agosto de 2013, e disse ter informado o primeiro-ministro Jiang Yi-hua quatro dias depois, por ordem de Ma.
Após a fuga de informação para a imprensa sobre o possível recurso a influência indevida, Ma fez os possíveis para que o KMT expulsasse Wang, lhe retirasse o assento parlamentar e o cargo de presidente do parlamento, mas um recurso de Wang bloqueou legalmente as intenções do KMT.
O caso afetou a unidade do partido, e juntamente com o Movimento dos Girassóis de 2014 - protagonizado por estudantes e movimentos sociais preocupados com a aproximação à China - levou à derrota eleitoral do KMT nas eleições municipais de 2015 e nas presidenciais e legislativas de 2016.
O deputado do PDP Ker Chien-ming apresentou uma queixa contra Ma em 2013 acusando o então presidente de ceder informação sobre uma investigação criminal em curso.
Ker afirmou que Ma divulgou informação obtida pelo então procurador-geral. No entanto, o ex-presidente defendeu sempre que é inocente e os seus advogados negam que o procurador tenha recebido instruções presidenciais para divulgar informação confidencial sobre essas conversas.