Estado da União: Obama diz adeus a pensar no futuro

Lista de convidados reflete algumas das mensagens que o presidente quer passar, como o acolhimento de refugiados e o controlo de armas. Guantánamo também vai ser falado

Barack Obama dirige-se hoje ao Congresso, naquele que será o seu último discurso do Estado da União. "Neste discurso sobre o estado da União, quero enfatizar, além dos progressos notáveis que conseguimos, o que temos de fazer em conjunto nos próximos anos. As grandes coisas que vão garantir aos nossos filhos uma América ainda mais forte e mais próspera", adiantou o presidente norte-americano num vídeo divulgado pela Casa Branca.

Com início marcado para as 21.00 locais (02.00 de quarta-feira em Lisboa), prevê-se que Barack Obama não apresente uma longa lista de propostas legislativas, mas sim uma mensagem que marque a agenda da campanha para as presidenciais. "No ano passado, ele falou para o Congresso. Neste ano, falará mais para o público norte-americano", disse ao The New York Times Jennifer Psaki, diretora de comunicação da Casa Branca.

Paralelamente tentará ganhar apoio para as suas políticas sobre as alterações climáticas, controlo de armas e imigração. Temas que estarão espelhados na lista de convidados da Casa Branca.

Um dos temas em destaque neste Estado da União será ainda o regresso à promessa de encerrar a prisão de Guantánamo, adiantou o seu chefe de gabinete, Denis McDonough, ao Fox News Sunday.

O presidente irá apresentar ao Congresso o muito aguardado plano sobre o encerramento destas instalações, e tentar conseguir a sua aprovação, adiantou o mesmo responsável. Se o Congresso não atuar, a Casa Branca irá determinar os passos seguintes a dar. "Ele sente uma obrigação para com o próximo presidente. Ele quer resolver isto para que não tenham de ser confrontados com os mesmos desafios", explicou McDonough.

Herói das Lajes na plateia

Refaai Hamo, um refugiado sírio, e Naveed Shah, um antigo soldado norte-americano muçulmano nascido na Arábia Saudita, são dois dos convidados da Casa Branca para o discurso de hoje.

Hamo chegou a 18 de dezembro a Detroit com três filhas e um filho, depois de ter passado dois anos na Turquia. Fugiu da Síria depois de um míssil das forças de Bashar al-Assad ter destruído o complexo onde vivia com a família. A mulher, uma das filhas e cinco outros familiares morreram no ataque.

Na opinião de Valerie Jarrett, uma das conselheiras mais próximas de Obama, a escolha dos convidados deste ano representa a trajetória desta administração, bem como o papel do cidadão comum nas suas políticas. Por exemplo, convidar Hamo é uma resposta aos republicanos do Congresso, que realizaram uma primeira votação para travar o acolhimento de refugiados sírios.

Simbólico será também o lugar que ficará vazio na zona reservada aos convidados em homenagem às vítimas das armas de fogo, numa altura em que Obama tenta convencer o Congresso e a opinião pública da necessidade de agravar a legislação sobre armamento.

Jim Obergefell, cuja queixa por discriminação levou à legalização pelo Supremo do casamento homossexual, é também um dos convidados. Um antigo migrante clandestino mexicano, que chegou aos Estados Unidos ainda em criança e conseguiu obter uma autorização de residência permanente depois de ter regressado ao México, estará também presente para lembrar o compromisso de Obama na legalização de milhões de clandestinos.

Na lista de convidados encontra-se também Spencer Stone, o militar da Força Aérea dos EUA que já serviu na Base das Lajes e que foi um dos heróis da tentativa de ataque no comboio de alta velocidade francês Thalys em agosto, e Satya Nadella, diretor executivo da Microsoft.

Transmitido pela internet

A despedida de Obama vai ser marcada também por estreias. Neste ano o discurso do Estado da União estará disponível via internet na Amazon Video e no YouTube, bem como através do site da Casa Branca.

Estas novidades são um sinal dos tempos, com os canais de televisão por satélite e cabo a queixarem-se de uma quebra de subscritores a favor da internet, pois os consumidores, cada vez mais, preferem assistir à programação em dispositivos móveis. Após o discurso, o presidente dos Estados Unidos irá responder a perguntas colocadas pelos norte-americanos via YouTube, uma tradição iniciada em 2010.

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