Denk: partido dos imigrantes desafia Wilders
Fundado por dois deputados nascidos na Turquia poderá conquistar um a dois deputados nas legislativas de 15 de março
Com Geert Wilders a liderar nos últimos meses as sondagens na Holanda para as legislativas de dia 15, um pequeno partido formado por filhos de imigrantes está a tentar travar esta tendência de popularidade do líder de extrema-direita e anti-islão. Chama-se Denk e um dos seus objetivos é lutar contra o que chamam de "racismo institucional".
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Criado em 2015 por Tunahan Kuzu e Selçuk Öztürk, dois deputados nascidos na Turquia que foram expulsos do Labour - o atual parceiro minoritário da coligação governamental - por se recusarem a apoiar a política de integração do partido, apresentam-se como a única verdadeira resposta a discurso do Partido para a Liberdade de Wilders.
No entanto, os críticos do Denk - que em holandês quer dizer "pensa" e "equilibrado" em turco - acusam-nos de utilizar as mesmas táticas políticas de Geert Wilders e de serem próximos da Turquia e do seu controverso presidente, Recep Tayyip Erdogan. Mas também de tentarem dividir um país conhecido pela sua tolerância.
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Acusações que são rejeitadas por um dos membros do partido, Farid Azarkan, que, em declarações à AFP, insiste que o Denk pretende ser "o partido de todos os holandeses". "Nós queremos escrever a história, sob a liderança dos filhos dos imigrantes. Queremos ocupar o nosso lugar na democracia e isso é feito através do parlamento", acrescentou.
Para concretizar o objetivo de eleger deputados, o Denk espera contar com o apoio de grande parte dos cerca de dois milhões de holandeses que têm, pelo menos, um progenitor nascido fora da Holanda e da União Europeia, ou nasceram eles próprios no estrangeiro - como os dois líderes do partido. As sondagens mostram que poderão eleger um ou dois deputados, graças aos votos de cerca de 40% dos eleitores de origem turca e cerca de 34% de quem tem raízes marroquinas.
"O Denk é o partido dos homens de cor enraivecidos", declarou recentemente ao jornal holandês Algemeen Dagblad o analista de mercado Aziz El Kaddori. "É extremamente popular entre os jovens turcos e marroquinos. E eles têm influência nas suas famílias porque são, muitas vezes, mais bem informados e têm mais estudos", acrescentou.
Entre as suas propostas eleitorais estão a criação de um "registo de racismo" para rastrear o uso de palavras de ódio por oficiais eleitos e impedir judicialmente de exercer cargos públicos quem promova o racismo.
Quebra nas sondagens
Wilders anunciou quinta-feira a suspensão da sua campanha até à conclusão da investigação de um caso relacionado com a sua segurança pessoal. Um polícia é suspeito de ter dado informações classificadas sobre os movimentos do líder do Partido para a Liberdade (PVV) a um grupo criminoso marroquino. O suspeito foi detido na quarta-feira por "violação de segredos oficiais".
O líder do PVV tem mantido a liderança das sondagens, mas os últimos estudos de opinião mostram uma perda de terreno, favorável ao primeiro-ministro Mark Rutte (VVD). Na sondagem da Ipsos divulgada quinta-feira, o PVV surge em segundo lugar, conquistando 26 dos 150 lugares do Parlamento, com o VVD em primeiro, com 28 deputados.