Casa Branca espera que Kremlin devolva Crimeia à Ucrânia

Porta-voz da presidência afirmou que medidas contra Moscovo vigoram até à saída russa da península.

"O presidente Trump tornou claro que espera que o governo da Rússia reduza o nível de violência na Ucrânia e devolva a Crimeia" a este último país. A declaração foi feita ontem pelo secretário de imprensa da Casa Branca, Sean Spicer, na resposta a uma pergunta sobre a demissão do conselheiro de segurança nacional, Michael Flynn. A demissão de Flynn resultou da divulgação de informações de que teria enganado o vice-presidente Mike Pence sobre a natureza de contactos tidos com o embaixador russo nos EUA.

O aviso sobre Flynn surgiu do procurador-geral interino no final de janeiro, salientando que este poderia estar vulnerável a chantagem de Moscovo, depois de ter dito a Pence que não discutira com o diplomata russo as sanções de Obama ao Kremlin pela interferência nas presidenciais de 2016. A pergunta a que Spicer respondeu ontem relacionava-se com a relação entre o afastamento e uma nova atitude de Trump face à Rússia.

"O presidente Trump tem sido muito duro com a Rússia", garantiu o porta-voz da Casa Branca, dizendo que "a Crimeia é parte da Ucrânia, e as nossas sanções relacionadas com a anexação vão permanecer vigor até que a Rússia devolva o controlo da península" ao governo de Kiev. Ao mesmo tempo, prosseguiu Spicer, Trump "espera - e deseja - ter um bom relacionamento com a Rússia". No início de fevereiro, a embaixadora dos EUA nas Nações Unidas, Nikki Haley, criticara em termos inequívocos a anexação da Crimeia.

A declaração de Spicer aconteceu no mesmo dia em que The New York Times revelava ter Moscovo procedido à colocação (clandestina) de mísseis de alcance intermédio em duas bases em pontos distintos do território russo. A decisão, que o Ministério da Defesa do governo de Moscovo se recusou a comentar, viola um tratado de 1987 que interdita aos EUA e à Rússia a disposição no terreno deste tipo de mísseis.

Num desenvolvimento ligado ao afastamento de Flynn, senadores democratas e dois republicanos pediram ontem uma investigação aprofundada "a quem é que [Flynn] estava a obedecer quando contactou o embaixador da Rússia e por que é que a Casa Branca esperou para tomar uma decisão até serem do conhecimento público" os atos do ex-conselheiro de segurança de Trump.

Outro exemplo dos problemas com que se confronta Trump, a conselheira do presidente, Kellyanne Conway, foi acusada pela Comissão Federal de Ética Governamental de ter dado "conselho comercial gratuito" quando incentivou os americanos a comprarem produtos de Ivanka Trump, após uma cadeia de lojas ter anunciado o fim da comercialização daqueles nas suas lojas.

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