Mundo
05 novembro 2020 às 17h11

Campanhas eleitorais nos EUA custaram mais do dobro de 2016

Os candidatos nas eleições dos EUA gastaram quase 12 mil milhões de euros, na corrida à presidência e aos lugares do Congresso, duplicando o valor das campanhas de 2016, segundo um estudo independente.

DN/Lusa

Cerca de 14 mil milhões de dólares (quase 12 mil milhões de euros) foi o custo das várias campanhas de 2020, sendo praticamente o dobro do dinheiro gasto nas eleições de 2016 e mais do triplo das campanhas em 2000, de acordo com um estudo do Centre for Responsive Politics, um instituto independente de análise de gastos eleitorais.

A explicação para o aumento de gastos, segundo este instituto, pode estar na forma como os candidatos anteciparam disputas eleitorais muito renhidas, obrigando a um investimento adicional em meios humanos e materiais para as campanhas.

Contudo, esse esforço nem sempre compensou, como aconteceu com o candidato democrata ao senado Jaime Harrison, que acabou derrotado pelo republicano Lindsey Graham, mesmo depois de ter gasto cerca de cem milhões de euros, muito mais do que o seu adversário.

O mesmo aconteceu com a democrata Amy McGrath, com quem os democratas contavam para ajudar a conquistar o senado, que gastou quase 80 milhões de euros, sem ter conseguido ser eleita.

Do lado republicano, também houve perdas significativas, como a aposta (perdida) de cerca de dez milhões de euros, recolhidos a partir de doações de todo o país, para tentar evitar a reeleição para a Câmara de Representantes da democrata Alexandria Ocasio-Cortez, uma jovem estrela em ascensão no seu partido e a personificação da "ameaça socialista", segundo o ponto de vista dos conservadores.

"Quando se está num estado profundamente democrata, as hipóteses de um candidato republicano são próximas de zero", explica Karl Evers-Hillstrom, investigador do Centre for Responsive Politics.

A explicação para o aumento dos gastos pode estar ligada com a forte polarização política, durante esta campanha eleitoral. Michael Malbin, professor de Ciência Política da Universidade de Nova Iorque (SUNY), diz que a "motivação" é um dos elementos essenciais para qualquer pessoa que contribui com dinheiro para uma campanha, tendo havido muita "motivação" nestas eleições, em que Trump suscitou elevados níveis de amor e de ódio.

O Centre for Responsive Politics revela ainda que há uma forte concentração destes elevados valores de investimento, com 90% das campanhas subfinanciadas.

Contudo, a tendência será para aumentar os níveis de investimento em campanhas, sobretudo graças à simplificação de meios para fazer donativos.

"Tornou-se incrivelmente fácil fazer donativos. É uma espécie de política 'Amazon'", explica Malbin, referindo-se aos modelos de transferência de dinheiro através de plataformas eletrónicas na internet.

"Se continuarmos a manter a política polarizada e com esta facilidade de pagamentos, o investimento em campanhas eleitorais vai continuar nos próximos anos", conclui o professor de Ciência Política.