Alegada vítima de Epstein aponta o dedo ao príncipe André: "Ele sabe o que fez"
Após a audiência em tribunal, Virginia Giuffre, uma das 15 mulheres que acusa o milionário Jeffrey Epstein de abusos sexuais, acusou o príncipe Andrew: "Ele sabe o que fez e pode atestar isso".
Cerca de 15 queixosas começaram a falar em tribunal, em Nova Iorque, na terça-feira, sobre os alegados abusos sexuais de Jeffrey Epstein, manifestando raiva por o magnata ter colocado fim à própria vida. Jeffrey Epstein, que se declarou inocente das acusações, enfrentava até 45 anos de prisão caso fosse condenado.
Uma das mulheres alegou mesmo ter sido forçada a fazer sexo com o príncipe Andrew aos 17 anos. Na conferência de imprensa após a audiência desta terça-feira, Virginia Giuffre, atualmente com 35 anos, declarou, referindo-se ao príncipe André: "Ele sabe o que fez e pode atestar isso. Sabe exatamente o que fez e espero que diga a verdade."

Virginia Giuffere, à direita, testemunha durante a audiência do processo contra Jeffrey Epstein. É uma das 15 mulheres que acusa o milionário de abusos sexuais
© REUTERS
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A alegada vítima detalhou em tribunal três das ocasiões em que esteve com o príncipe britânico, terceiro filho da rainha Isabel II, e voltou a acusar Epstein de a manter como "escrava sexual".
O príncipe André reagiu em comunicado divulgado pelo palácio de Buckingham."Quero esclarecer os factos para evitar mais especulações. Eu estive em várias residências dele [Jeffrey Epstein]. Durante o tempo em que o conheci, eu via-o com pouca frequência e provavelmente não mais do que apenas uma ou duas vezes por ano. Em nenhum momento, durante o tempo limitado que passei com ele, vi, presenciei ou suspeitei de qualquer comportamento do tipo que subsequentemente levou à sua prisão e condenação", pode ler-se no comunicado. Admitiu ainda que a amizade com Epstein foi "um erro."

O príncipe André, terceiro filho da rainha Isabel II e Duque de York, durante uma visita a um hospital ortopédico
© David Mirzoeff/REUTERS
Sobre a relação com Jeffrey Epstein, Virginia Giuffre relatou que quando tinha 15 anos e trabalhava no resort de luxo Mar-a-Lago, de Donald Trump, foi abordada pela socialite britânica Ghislaine Maxwell, para fazer uma massagem ao magnata, relata a BBC.
Outra mulher, Courtney Wild, alega ter sido recrutada como massagista para o avião particular do magnata, apelidado de Lolita Express e abusada sexualmente por Epstein quando tinha 14 anos.
Jennifer Araoz diz ter sido violada na mansão do magnata em Nova Iorque quando tinha 15 anos e lamentou não ter a oportunidade de enfrentar o "predador" em tribunal: "Isso corrói-me. Deixaram que este homem se matasse e matasse a oportunidade de se fazer justiça". Com a morte de Epstein, o processo-crime já não avançará, apenas o processo de averiguações.
Uma outra queixosa, que preferiu manter-se no anonimato, manifestou a vontade de saber como ele morreu: "Foi todo um novo trauma. Não me senti nada bem quando acordei naquela manhã e soube que ele teria cometido suicídio."
Já o advogado das queixosas referiu-se à "curiosa" "morte prematura" de Epstein, que dois dias antes da sua morte, terá assinado um testamento canalizando 577 milhões de dólares (520 milhões de euros) em ativos para um fundo fiduciário.

O milionário Jeffrey Epstein numa fotografia da polícia norte-americana tirada antes da sua detenção. Acusado de múltiplos crimes de abuso e exploração sexual, suicidou-se no dia 10 de agosto
© REUTERS
Jeffrey Epstein, 66 anos, que se relacionou socialmente com o príncipe Andrew, Bill Clinton e Donald Trump, aguardava julgamento por tráfico sexual na prisão e foi encontrado morto na sua cela a 10 de agosto.