África do Sul encerra temporariamente embaixada na Nigéria após ataques xenófobos
O conflito já fez pelo menos cinco mortos e centenas de detidos. Algumas personalidades públicas nigerianas estão a apelar ao "boicote total" a empresa sul-africanas.
Os ataques xenófobos que tiveram início na África do Sul chegaram à Nigéria, onde a embaixada sul-africana foi forçada a fechar portas temporariamente, tanto em Lagos como em Abuja. De acordo com a AFP, o porta-voz do Ministério das Relações Externas, Lunga Ngqengelele, anunciou que as missões diplomáticas ficarão suspensas "enquanto se avalia a situação".
"Depois de receber relatórios e ameaças de alguns nigerianos, decidimos fechar temporariamente", anunciou. O representante garantiu que o governo está em constante contacto com as autoridades e está garantida "a proteção das empresas pertencentes à África do Sul". "Reprimimos a revolta dos nigerianos que atacavam os negócios da África do Sul e compreendemos que tenham sido feitas detenções. Estamos satisfeitos por não ter havido perda de vidas", disse, segundo a estação de televisão sul-africana ENCA.
O conflito que dura há vários dias já fez cinco mortos e centenas de detidos. As primeiras notícias davam conta de centenas de táxis que estavam a bloquear estradas no centro financeiro e de negócios da Pretónia. Dias depois, o cenário alastrou-se até à Nigéria, de onde começaram a circular imagens de ataques a lojas sul-africanas, pilhadas e incendiadas, e imigrantes espancados.
Subscreva as newsletters Diário de Notícias e receba as informações em primeira mão.
Os atos de violência foram sendo incentivados por várias personalidades públicas nigerianas que apelaram ao "boicote total" de empresas da África do Sul, bem como à expulsão do embaixador na Nigéria. À semelhança do que aconteceu com a embaixada, outras empresas locais nigerianas foram forçadas a fechar portas, como é o caso da MTN e Shoprite.
Numa publicação na sua conta de Twitter, esta terça-feira, o presidente sul-africano anunciou que estava "a convocar os ministros da segurança" para garantir que estão "atentos a estes atos violentos" e que serão cessados. Cyril Ramaphosa disse ainda que "não há justificação para nenhum sul-africano atacar pessoas de outros países."
Na segunda-feira, o governo nigeriano disse considerar "inaceitáveis" os "ataques continuados contra os nacionais nigerianos e os seus interesses económicos na África do Sul". "O que é demais é demais", escreveu.