Racing Extinction: vamos a tempo de salvar o planeta?

Documentário revela imagens chocantes de espécies em perigo. Estreia-se hoje às 21.00 no Discovery

Se The Cove, vencedor do Óscar na categoria de Melhor Documentário em 2009, retratava a captura e matança de golfinhos em Taiji, no Japão, Racing Extinction, o novo filme do norte-americano Louie Psihoyos, mostra como a Humanidade está a chegar ao limite reversível da destruição do planeta.

A premissa do documentário, que o Discovery Channel exibe hoje em 220 territórios em 24 horas, é simples. A quinta fase de extinção na Terra, há 65 milhões de anos, foi a que fez desaparecer os dinossauros. A causa? Um asteróide. Agora, em 2015, os cientistas ouvidos no documentário argumentam que estamos a viver a sexta era, o Antropoceno. "A Humanidade é o asteroide". E esta é a ultima oportunidade para salvarmos o planeta. "Os meus amigos paleontólogos dizem que, se olharmos para a história do Homem desde a revolução industrial até 2100, a II Guerra Mundial será apenas uma nota de rodapé em comparação com a nossa geração, que está a levar a cabo a maior perda de diversidade desde a extinção dos dinossauros".

Psihoyos, ele próprio paleontólogo de formação, conversou com jornalistas de todo mundo numa teleconferência em que o DN também participou. O realizador de Racing Extinction fez questão de frisar que este documentário não é tão visualmente violento como The Cove mas que apela ao sentimento. E explica porquê. "Quero que este seja um filme emocional. A ciência mostra-nos que as pessoas mudam o seu comportamento de acordo com o que sentem. Por isso, queremos que as pessoas se emocionem, que sintam porque é aí que a mudança social acontece".

Realizado como um thriller de espionagem, Racing Extinction mostra Louie Psihoyos e a sua equipa em verdadeiras missões de detetives. Munidos de câmaras e microfones ocultos, viajam até Hong Kong, disfarçados de turistas gastronómicos, à procura de estabelecimentos que vendam espécies em vias de extinção. E é ali, no topo de um edifício, que fazem uma descoberta chocante. Depois, na província de Cantão, na China, visitam um mercado ilegal, em pleno céu aberto, onde são vendidas inúmeras espécies raras, desde corais a mamíferos. Do fundo do mar, Racing Extinction passa para a criação industrial de gado. Três quartos do terreno agrícola do mundo todo é usado para alimentar animais para consumo. E há uma conclusão que, na entrevista, Psihoyos faz questão de enfatizar: "A criação de gado emite mais gases nocivos do que todo o setor dos transportes. Um vegetariano que conduza um Hummer usa menos energia do que uma pessoa que coma carne e ande de bicicleta".

Mas nem tudo são más notícias: o documentário foca os resistentes, os investidores nas energias renováveis, os esforços feitos em países em vias de desenvolvimento para transformar regiões dependentes da caça de espécies em perigo em zonas de turismo. Racing Extinction não é apenas um documentário. Pretende criar um movimento, primeiro nas redes sociais, e depois na prática, usando a hashtag #Startwith1thing (em português, "começa com uma coisa"). Embora admita que governos e organizações governamentais "não estão a fazer o suficiente", o realizador salienta o facto de, "pelo menos, se estar a falar sobre estes assuntos".

Em Portugal, o canal Discovery exibe o documentário às 21.00. Racing Extinction inclui na sua banda sonora One Candle, música inédita da cantora Sia, intérprete de êxitos como Chandelier e Elastic Heart. "É uma canção inspiradora. A Sia escreveu-a a interpretou-a para nós de graça. Há cada vez mais artistas a perceber que não se trata apenas de fazer dinheiro e ter seguidores", diz Louie Psihoyos.

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