Os desafios dos media em dia de aniversário da TSF
As várias gerações que construiram a única rádio de notícias portuguesa, cujo "criador" foi Emídio Rangel, como fez questão de sublinhar um dos fundadores, David Borges, reuniram-se para discutir a comunicação social em Portugal. De Emídio Rangel aos tempos de Hoje foi, assim, uma viagem não só pelos 28 anos da TSF mas também um olhar para o presente e o futuro dos media onde, consensualmente, o digital se afigura não como o horizonte mas como a realidade.
Marcelo Rebelo de Sousa, que fez a abertura da Conferência TSF, na Escola Superior de Comunicação Social, em Lisboa, foi surpreendido com uma gravação com 21 anos do programa Exame, no qual comentou, com moderação de Carlos Andrade. "Tenho muitas saudades desses tempos. A rádio foi para mim, de todos os meios de comunicação social, o mais atraente, o mais entusiasmante. É o mais flexível, é o que melhor se adapta às circunstâncias. A rádio conseguiu o milagre de aparecer e tem sobrevivido", afirmou o presidente eleito ao DN. No seu discurso, Marcelo Rebelo de Sousa disse ser "uma apaixonado" pela comunicação social, reconhecendo que "a componente económica está a condicionar" o setor. "É preciso heroísmo para continuar o percurso na comunicação social hoje".
O primeiro painel, Pluralismo e Democracia, moderado por Paulo Baldaia (que deixou ontem o cargo de diretor da TSF), contou com a participação de Daniel Proença de Carvalho, chairman do Global Media Group, o comentador José Pacheco Pereira e Carlos Magno, presidente da Entidade Reguladora para a Comunicação Social. Pacheco Pereira mostrou-se crítico em relação ao "jornalismo da internet como jornalismo do cidadão" e Carlos Magno apontou "a proletarização dos jornalistas" e a "profissionalização das fontes" como principais problemas do setor. Daniel Proença de Carvalho disse que "principal risco que corre a comunicação social" advém de dois fatores: "a crise internacional", que provocou uma quebra nas receitas publicitárias e diversificação de fontes de informação. "As receitas publicitárias passaram a distribuir-se por muito mais empresas".
No segundo painel, moderado por David Dinis (que assume hoje a direção da TSF), José Carlos Lourenço, COO da Global Media Group, Luís Mergulhão, CEO da OMD e Mário Vaz, CEO da Vodafone Portugal discutiram a importância da valorização das marcas de media e sua a viabilização económica e financeira. "Se queremos ter futuro no jornalismo, o tema de como criar valor económico é absolutamente essencial", afirmou José Carlos Lourenço.
Coube a João Soares, ministro da Cultura com a tutela da comunicação social, encerrar a conferência. "O Emídio Rangel era um grande homem da liberdade. Fez uma revolução pacífica. Tenho pena que ele já cá não esteja para ajudar a fazer uma revolução que o nosso país tanto precisa"