Universidade de Évora lidera dois projetos LIFE, num valor global de 5ME
A Universidade de Évora (UÉ) anunciou hoje que lidera dois projetos LIFE para restaurar habitats na bacia do Rio Vouga e preservar os habitats das formações arbustivas de adelfeiras e azereiros, nas serras da Estrela, Açor e Monchique.
Os dois projetos, intitulados LIFE ÁGUEDA e LIFE RELICT, foram aprovados no âmbito do Programa LIFE 2016, instrumento financeiro da União Europeia (UE) que apoia investigações ambientais, de conservação da natureza e de ação climática, segundo revelou a academia alentejana.
No global, realçou, os projetos envolvem um financiamento de cinco milhões de euros e os trabalhos, iniciados este ano, vão prolongar-se até 2022.
No que diz respeito ao LIFE ÁGUEDA - "Conservation and Management Actions for Migratory Fish in the Vouga River Basin", com um financiamento de 3,3 milhões de euros, tem como objetivo "eliminar ou atenuar substancialmente as pressões hidromorfológicas identificadas na bacia do Vouga, restabelecendo o bom estado ecológico deste rio", explicou a UÉ.
Os trabalhos estão a ser implementados por um consórcio integrado por sete instituições, públicas e privadas, e são coordenados por Pedro Raposo de Almeida, investigador do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente da universidade alentejana (MARE-UÉ).
Além da UÉ e do MARE, também as câmaras de Águeda (Aveiro) e de Mora (Évora), a empresa Aqualogus - Engenharia e Ambiente, a Docapesca - Portos e Lotas e a EDP Distribuição fazem parte da parceria.
"A equipa de investigação deste projeto colaborativo pretende implementar uma série de soluções" para voltar a naturalizar o rio e "restaurar ou recriar os seus habitats aquáticos e terrestres", com a construção de "passagens para os peixes que imitem as condições naturais do rio", indicou a universidade.
Já o projeto LIFE RELICT -- "Preservação das Relíquias da Laurissilva Continental", está a ser executado por um consórcio liderado pela UÉ e que tem como parceiros as câmaras de Seia e de Monchique, a Associação de Desenvolvimento Rural da Serra da Estrela (ADRUSE) e o Centro de Investigaciones Cientificas y Tecnologicas de Extremadura (CICYTEX), de Espanha.
Com um financiamento de cerca de 1,7 milhões de euros, os trabalhos são coordenados por Carlos Pinto Gomes, professor do Departamento de Paisagem, Ambiente e Ordenamento da Escola de Ciências e Tecnologia da Universidade de Évora.
O objetivo é "melhorar substancialmente" o estado de conservação dos habitats das formações arbustivas de adelfeira e de azereiro, que integram a Rede Natura 2000 e existentes na Serra da Estrela, no Complexo do Açor e em Monchique.
"São comunidades que só existem praticamente em Portugal e que estão na iminência de serem extintas do mundo", destacou à agência Lusa Carlos Pinto Gomes, que é também investigador do Instituto de Ciências Agrárias e Ambientais Mediterrânicas e colaborador do Instituto de Ciências da Terra da UÉ.
A equipa "pretende assegurar a função ecológica em mais de 50% das áreas atualmente ocupadas e aumentar a área deste habitat, através da reconstrução de áreas adjacentes e da redução ou eliminação das principais ameaças", implementando ainda medidas de proteção no que se refere a incêndios e a espécies exóticas invasoras, resumiu a UÉ.