16 abril 2018 às 16h27

Uma campanha para "romper o isolamento" dos LGBT no Médio Oriente - ONG

Duas organizações não-governamentais lançaram hoje no Líbano uma campanha com depoimentos de ativistas dirigida aos homossexuais, bissexuais e transgénero do mundo árabe, apelando a que se assumam e reivindiquem os seus direitos.

Lusa

Com a campanha "No longer alone" (Sozinho nunca mais)", a Human Rights Watch (HRW) e a Fundação Árabe para as Liberdades e Igualdade (AFE) procuram "lutar contra os mitos e romper o isolamento" da comunidade LGBT (Lésbicas, Gay, Bissexuais e Transgéneros).

Baseada num relatório com depoimentos de 34 ativistas LGBT de 16 países árabes, a campanha conta com vídeos divulgados na Internet.

Anónimos ou personalidades públicas, como o escritor marroquino Abdellah Taia ou o vocalista da banda libanesa Mashrou Leila, Hamed Sinno, contam nos vídeos a sua experiência: a descoberta da sua orientação sexual ou do seu género, os insultos e agressões, o alívio de se assumir.

O relatório faz um balanço da luta pelos direitos LGBT nos países árabes, onde a homossexualidade é considerada um desvio ou mesmo um crime punível com a prisão.

"Em 2001, não havia qualquer associação de defesa dos direitos LGBT nos países de língua árabe. Em 2017, há dezenas a agir na região", sublinha o relatório, citado pela agência France Presse.

"A HRW regista habitualmente as violências e as coisas horríveis (...) mas pensámos que era importante destacar os sucessos para mostrar que esta região não é um buraco negro, que há movimentos que atuam para a mudança", explicou Neela Ghoshal, investigadora na HRW para as questões LGBT.

Num contexto em que existem países, como a Arábia Saudita ou os Emirados Árabes Unidos, onde a homossexualidade pode ser punida com a morte, o Líbano é o único que permite à comunidade uma pausa, ainda que relativa, já que os bares e estabelecimentos pró-LGBT são por vezes alvo de ataques da polícia.

"Nesta campanha, temos pessoas de diferentes países árabes que enviam a mensagem 'Vocês não estão sozinhos', que dizem 'se precisarem de apoio, tê-lo-ão'", sublinha o diretor da AFE, Georges Azzi.

Tópicos: internacional