Clima: Mundo reage à saída dos EUA do Acordo de Paris e lamenta decisão de Trump

Momentos depois do Presidente Donald Trump ter anunciado a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris foram muitas as reações internacionais a lamentar a decisão norte-americana e a reafirmar o compromisso no combate contra as alterações climáticas.
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Numa declaração conjunta, Berlim, Paris e Roma lamentaram a saída americana e frisaram que o acordo "não é renegociável".

"Tomamos conhecimento com pesar da decisão dos Estados Unidos" de sair deste acordo, indicaram, num comunicado conjunto, o Presidente francês, Emmanuel Macron, a chanceler alemã, Angela Merkel, e o primeiro-ministro italiano, Paolo Gentiloni.

"Acreditamos firmemente que o acordo não pode ser renegociado", acrescentaram os líderes europeus, após Donald Trump ter afirmado que estava disponível para negociar "um novo acordo" ou renegociar o Acordo de Paris.

Os três lideres "consideraram que é uma dinâmica irreversível" e que oferece "oportunidades significativas para a prosperidade e o crescimento, nos países e a nível global", insistiram os três líderes.

Macron, Merkel e Gentiloni apelaram para uma "rápida aplicação" dos objetivos do acordo no domínio do financiamento climático e pediram a todos os países signatários para acelerarem as medidas de combate às alterações climáticas.

E assumiram o compromisso que os respetivos países vão intensificar os esforços para ajudar os países em desenvolvimento "em particular os mais pobres e os mais ameaçados" para que alcancem os seus objetivos em matéria de clima.

Antes, Angela Merkel, através de uma mensagem do seu porta-voz Steffen Seibert, já tinha lamentado a decisão de Trump e apelado para a continuação de uma "política climática que preserve" o planeta Terra.

Numa mensagem na rede de 'microblogues' Twitter, o chefe do Governo italiano pediu para que não exista um recuo internacional e garantiu que a Itália "está empenhada em reduzir as emissões, (no investimento) nas energias renováveis, no desenvolvimento sustentável".

Por sua vez, o antigo Presidente francês François Hollande afirmou que Trump, ao ter anunciado a saída do Acordo de Paris, "renunciou ao futuro", acrescentando que "o que aconteceu em Paris é irreversível".

"Donald Trump tomou uma decisão fatal para os Estados Unidos, mas não vai impedir o mundo de avançar na sua luta racional e voluntária contra o aquecimento global. A saída americana não suspende o Acordo de Paris. Pelo contrário, deve acelerar a aplicação", disse o antigo chefe de Estado francês, que foi o anfitrião da Conferência das Nações Unidas sobre o clima (COP21) em Paris, onde o acordo foi assinado em dezembro de 2015 por 195 países, mais a União Europeia (UE), após vários anos de duras negociações.

Vários representantes no seio da União Europeia (UE) lamentaram a decisão de Trump.

Foi o caso do presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, que classificou a saída americana como "profundamente errada". Também o presidente do Parlamento Europeu, Antonio Tajani, afirmou que o Acordo de Paris "deve ser respeitado".

"É uma questão de confiança. O Acordo de Paris está vivo e vamos aplicá-lo, com ou sem a administração americana", acrescentou Tajani.

Já nos Estados Unidos, os aliados republicanos de Trump aplaudiram a decisão presidencial, enquanto outros setores a criticaram.

"Ao sair destas metas inatingíveis, o Presidente Trump reiterou o seu compromisso de proteger as famílias da classe média e os trabalhadores do carvão", afirmou Mitch McConnell, líder dos republicanos no Senado (câmara alta do Congresso norte-americano).

Segundo uma sondagem realizada para o jornal online Huffington Post em maio passado, 46% dos eleitores de Trump eram favoráveis à saída do acordo.

Ainda nos Estados Unidos, várias multinacionais, da indústria petrolífera ao sector automóvel, expressaram deceção após o anúncio de Trump e reafirmaram a sua determinação em prosseguir os esforços para reduzir as emissões de dióxido de carbono (CO2).

Foi o caso do fabricante de veículos elétricos Tesla, Elon Musk que escreveu no Twitter que a decisão de Trump "não era boa para a América ou para o mundo".

Concluído em 12 de dezembro de 2015 na capital francesa, assinado por 195 países e já ratificado por 147, o acordo entrou formalmente em vigor em 04 de novembro de 2016, e visa limitar a subida da temperatura mundial reduzindo as emissões de gases com efeito de estufa.

Portugal ratificou o acordo de Paris em 30 de setembro de 2016, tornando-se o quinto país da União Europeia a fazê-lo e o 61.º do mundo.

O acordo histórico teve como "arquitetos" centrais os Estados Unidos, então sob a presidência de Barack Obama, e a China, e a questão dividiu a recente cimeira do G7 na Sicília, com todos os líderes a reafirmarem o seu compromisso em relação ao acordo, com a exceção de Donald Trump.

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