27 fevereiro 2019 às 13h22

Associação Barreiro contra venda da Quinta do Braamcamp a privados

A Associação Barreiro afirmou hoje estar contra a venda da Quinta do Braamcamp, situada na zona ribeirinha do concelho, no distrito de Setúbal, defendo que são necessários "estudos multidisciplinares" para perceber quais os impactos ambientais.

Lusa

Em comunicado, a Associação Barreiro -- Património, Memória e Futuro referiu estar em desacordo com a Câmara do Barreiro, que anunciou numa sessão de esclarecimento à população, realizada em 18 de fevereiro, a intenção de vender a privados o espaço com cerca de 20 hectares.

"Defendemos que não se pode colocar em perigo o espaço que ambientalmente já corre sérios riscos em consequência do aquecimento global, necessitando, assim, de um estudo de impacto ambiental relativamente a todo e qualquer projeto que venha a ser estruturado para o local", disse.

Segundo a associação, a realização de um estudo é imperativo porque o Plano Diretor Municipal (PDM) existente foi realizado em 1994 e "está desatualizado sobretudo em todas as questões que interferem com o ambiente", como as alterações climáticas, que só passaram a ser uma "preocupação pública na viragem do século".

"Estranho é que o atual executivo da Câmara Municipal, que deveria ser o primeiro a promover esse estudo, tenha afirmado no dia da sessão pública, que não era necessária a sua realização, dado que tudo estava previsto e estudado no PDM de 1994, perfeitamente desatualizado! Qual a razão desta recusa? Terá medo que, dados os atuais problemas ambientais, tal estudo negue a possibilidade de venda para construção de habitação no espaço de Quinta?", questionou.

A Associação Barreiro criticou também que a venda tenha sido apresentada pelo município com base "nos valores em euros" que poderá ganhar, não mostrando "preocupação ambiental, paisagística ou patrimonial".

"Um bem patrimonial como a Quinta do Braamcamp, integrada numa zona classificada, e que é considerada, segundo a lei, um bem de inestimável valor cultural, não pode ser alienada com semelhante ligeireza. A legislação em vigor impõe que deva ser tratada como bem cultural e não como um imóvel que se coloca à venda no mercado com o único objetivo de obter o máximo lucro", afirmou.

Ainda na nota divulgada, a associação questionou se é possível a venda de um espaço que, pela sua classificação, "recebeu fundos comunitários para a recuperação do moinho de maré existente e da sua caldeira".

A Quinta do Braamcamp integra o projeto "Lisbon South Bay", promovido pela Baía do Tejo, que visa requalificar os territórios das antigas áreas industriais da Quimiparque, no Barreiro, da Siderurgia, no Seixal, e da Margueira, em Almada (distrito de Setúbal).

Em declarações à Lusa em setembro do ano passado, o presidente da Câmara do Barreiro, Frederico Rosa (PS), revelou que ainda não havia "nada pensado em concreto" para os terrenos da quinta, mas que os investimentos são pensados para que "possibilite habitação, hotelaria, restauração e lazer".

O anterior executivo da Câmara do Barreiro, liderado por Carlos Humberto (CDU), adquiriu a Quinta do Braamcamp por 2,9 milhões de euros.

Tópicos: nacional