Oeiras está a criar hub azul com grande aposta em parceria com a Marinha
Autarquia já estabeleceu parcerias de novos projetos com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, a Escola Superior Náutica Infante D. Henrique e a Marinha. Objetivo passa por usar o ecossistema de 25 mil empresas e as várias instituições de investigação que estão no concelho.
Oeiras parte do facto de ter cerca de dez quilómetros de costa, várias instituições científicas e de investigação e empresas ligadas ao mar, como a Escola Superior Náutica Infante D. Henrique, o Instituto Superior Técnico ou o Instituto Gulbenkian de Ciência, bem como 25 mil empresas que geram cerca de 26 mil milhões de receitas anuais, não contando com o setor financeiro, para o arranque do seu hub de economia azul. Já existem parcerias, algumas já antigas, como com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) e a Marinha, com novos projetos, e a autarquia está também a consultar as empresas sediadas no concelho para criar projetos para este hub.
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"Hoje está claro para todos que a água é um recurso ao qual devemos prestar atenção crescente, que é um ativo estratégico com o qual o país tem de contar e, sendo nós um município com uma frente de costa que está disponível, tendo esta capacidade científica e tecnológica e esta pujança empresarial, esta capacidade de investimento já instalada no município, seria uma enormíssima perda de oportunidade se Oeiras não desenhasse um plano de ação para a economia azul e com isso desse um sinal às empresas que cá estão e às que eventualmente querem vir e querem investir no nosso território, e às instituições científicas e centros de ciência que cá estão, e também aos agentes culturais, aos agentes desportivos, e a outras fileiras do desenvolvimento da economia azul", diz ao DN Pedro Patacho, vereador da Câmara de Oeiras para a Ciência e Tecnologia.
A parceria com a Marinha será primordial na implementação do hub azul de Oeiras, sendo que é uma colaboração já antiga devido à presença no concelho do Aquário Vasco da Gama, do Instituto de Socorros a Náufragos e da Direção de Faróis. E que agora se estenderá ao setor da Defesa, mais concretamente na área da experimentação e certificação de produtos inovadores que sirvam os interesses militares, mas também a economia, e cujos protótipos serão depois testados em Tróia, na primeira Zona Livre Tecnológica do país, explorada precisamente pela Marinha. "Aquilo que fizemos foi conversar com a Marinha relativamente ao interesse de rentabilizar nosso ecossistema tecnológico e de inovação para, a partir de um centro de inovação a criar em Oeiras, pudéssemos garantir todos TRL [Technology Readiness Level] anteriores, com toda a fase de investigação e desenvolvimento até ter um protótipo que possa ser testado e experimentado na Zona Livre Tecnológica da Marinha. Esta ideia foi muito bem acolhida pelo almirante Gouveia e Melo", refere o vereador. "Entretanto, foi criada uma equipa de trabalho para operacionalizar esta ideia e estamos prestes a iniciar contactos com uma significativa quantidade de empresas de Oeiras para apresentar a ideia e perceber quais querem envolver-se no desenvolvimento de produtos muito específicos que a Marinha quer desenvolver", refere o vereador.
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O passo seguinte será a autarquia e as empresas interessadas juntarem-se para criar instrumentos de financiamento para os projetos da Marinha irá trazer, dando assim origem ao Centro de Inovação de Oeiras, que ficará localizado no Taguspark.
Criar uma escola europeia de economia azul
Um dos projetos deste hub azul que já está estabelecido é uma parceria entre a Câmara de Oeiras e o IPMA para a constituição do Oeiras Mar, um centro colaborativo em Algés de investigação e inovação na área da economia azul. "O campus do IPMA vai passar a ter uma unidade de Engenharia Oceânica, que será muito ligada com as questões da robótica oceânica e dos veículos marinhos não tripulados, uma unidade de amostras em meio líquido, que será uma estrutura para servir não apenas o IPMA, mas a Universidade de Lisboa, a Universidade Nova de Lisboa, entre outras, uma unidade de interface com o setor económico, especializada no acompanhamento do processo de registo de patentes da contratualização com a indústria e da transferência de tecnologia para a economia", enumera o autarca, acrescentando que a autarquia irá canalizar o seu investimento "para melhorias nos edifícios, reorganização e arranjo dos espaços exteriores e reorganização dos acessos e de toda a envolvente". Este projeto representa um investimento de cerca de cinco milhões de euros resultantes de uma candidatura do IPMA ao PRR e mais entre 3,5 e quatro milhões da Câmara Municipal de Oeiras.
Já estabelecido está também um memorando de entendimento com a Escola Superior Náutica Infante D. Henrique, no qual a Câmara de Oeiras se compromete a apoiar a escola na reabilitação de todo o seu edificado - o que inclui a piscina, tanque de mergulho, área de treino de remo e residências universitárias. O investimento previsto para este projeto é de 20 milhões de euros: 15 milhões de euros de fundos do PRR e cinco milhões da autarquia.
"O que estamos a procurar fazer, com a ajuda do Fórum Oceano, da escola náutica, do FOR-MAR e da Direção-geral dos Recursos do Mar é concentrar projetos de instituições com programas do PRR aprovados no campus da escola náutica, e nós termos uma escola de classe mundial ao nível da formação de marítimos, quer certificações nacionais e europeias e internacionais, quer formação técnica especializada de curta duração, quer formação profissional com equivalência ao 12.º ano quer formação superior ao nível de graduação e pós-graduação, quer investigação e depois dinâmicas de investigação e desenvolvimento", explica Pedro Patacho, sublinhando que o objetivo é "fazer daquele campus aquilo que nós poderíamos designar de Escola Europeia da Economia Azul, numa referência de nível europeu na formação de marítimos e de profissões para o mar".
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