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28 junho 2021 às 22h18

Visita às gravuras do Coa passa a ser feita em embarcação a energia solar

As famosas gravuras rupestres do vale do Coa podem ser observadas de uma nova e "muito diferente" perspetiva, a partir de um barco fabricado com recurso a materiais sustentáveis.

DN/Lusa

Orio Coa recebeu ontem uma embarcação com capacidade para 12 pessoas, movida a energia solar, que permitirá um novo modelo de visitas às gravuras rupestres do território, resultado de um investimento de 60 mil euros.

"Trata-se de uma embarcação de fabrico nacional, toda ela construída com recurso a materiais sustentáveis, estando em linha com uma nova estratégia que a Fundação Coa Parque [FCP] quer implementar no Parque Arqueológico do Vale do Coa [PAVC, criado em 1996], de acordo com as orientações definidas pela Organização das Nações Unidas [ONU] através da agenda 2020-2030", explicou à Lusa a presidente desta fundação, Aida Carvalho, aludindo aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, em termos socioeconómicos e ambientais.

De acordo com a responsável, todo o processo de escolha do modelo da embarcação, movida a energia solar fotovoltaica, obedeceu a critérios rigorosos já que há uma forte aposta na sustentabilidade do território do vale do Coa e do PAVC. "Esta nova embarcação eletrossolar vem reforçar a oferta de visitação às gravuras rupestres do vale do Coa, porque vai acrescentar ao que já existia - como a visita em caiaque, a nado, por caminhadas ou com recurso a viaturas todo-o-terreno - uma outra forma de contemplar o património aqui existente, datado do Paleolítico Superior, a partir do leito do rio Coa", concretizou Aida Carvalho.

Segundo os responsáveis pela FCP, a leitura das gravuras rupestres, com mais de 25 mil anos, é diferente se for feita do rio para as suas margens, por causa da perspetiva. "É muito diferente."

A embarcação estará pronta a receber visitantes a partir de meados do próximo mês de julho e vai operar num troço de rio de mais de três quilómetros, entre o novo cais da Canada do Inferno e o novo sítio de visitação, onde se encontra o maior painel de arte rupestre conhecido ao ar livre, localizado no ponto arqueológico do Fariseu.

Segundo a presidente da FCP, foi necessário capacitar um grupo de guias que vão operar esta embarcação eletrossolar, com formação específica e respetiva carta de marinheiro, exigida para este tipo de barco.

Aida Carvalho destaca ainda o potencial deste tipo de turismo, já que conjuga uma atividade ao ar livre, o uso de produtos endógenos e a descoberta de um património único, classificado como Monumento Nacional em 1997 e, em 1998, como Património Mundial da Humanidade pela UNESCO.

Esta embarcação foi construída por uma empresa portuguesa, com sede em Olhão, com recurso a tecnologia e design nacionais. "Trata-se de uma embarcação totalmente aberta e preparada para passeios fluviais e marítimos, destinados a grupos. A construção foi feita com recurso a técnicas e materiais nacionais, com exceção dos motores e painéis solares", explicou o empresário responsável pela construção do novo barco, João Bastos.

A embarcação tem sete metros de comprimento, capacidade para 12 pessoas, é completamente autossustentável e atinge uma velocidade de cruzeiro na casa dos cinco nós (cerca de 9,2 quilómetros por hora). "Outras das características da embarcação é que não produz ruído, estando preparada para navegar em ambientes sensíveis como é o caso do vale do rio Coa, onde nidificam espécies protegidas", indicou.

Tópicos: turismo, Foz Coa, local