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23 janeiro 2022 às 09h00

Obras em Sete Rios vão finalmente arrancar e em 2024 nasce uma nova praça

A requalificação vai custar cerca de oito milhões de euros e pretende tornar a zona junto ao Jardim Zoológico mais virada para os peões. Os transportes públicos ficarão sob o viaduto do Eixo Norte-Sul.

Depois de duas falsas partidas nos últimos anos, é este mês que as obras de requalificação da Praça Marechal Humberto Delgado vão começar. Os estaleiros começaram a ser montados no dia 10 e os trabalhos têm um prazo previsto de início de duas semanas. Estas obras, inseridas no programa "Uma Praça em cada Bairro" da Câmara Municipal de Lisboa, foram adjudicadas à empresa Tecnovia, têm uma duração de dois anos e um orçamento que ronda os 8,1 milhões de euros.

Para a autarquia, Sete Rios "tem necessidade de se tornar num espaço mais atrativo e seguro, uma vez que comporta um dos interfaces de transportes mais importantes, atravessados por um dos principais eixos viários da cidade".

O que, no que diz respeito ao projeto de requalificação, quer dizer que se vai devolver aos peões o espaço público em frente ao Jardim Zoológico. Vai ser criada uma praça urbana, com espaços verdes, novo mobiliário e iluminação urbana. Segundo a autarquia, será ainda requalificado o Pavilhão de Correspondência e uma área significativa destinada à implantação de um sistema de jogos de água lúdicos, bem como um parque infantil.

Ao mesmo tempo, as vias de circulação de automóveis serão estreitadas e haverá um incremento das faixas para os transportes públicos. "A intervenção promove também o alargamento generalizado dos passeios e a requalificação dos atravessamentos pedonais, acolhe uma nova ciclovia e cria um ponto de bike-sharing. A interconexão entre os sistemas de transportes públicos é reforçada com a relocalização das paragens e a requalificação dos acessos aos percursos pedonais subterrâneos existentes. O parque de estacionamento subterrâneo, que constitui um equipamento complementar, já executado, comunica com esta rede de percursos pedonais", descreve a Câmara de Lisboa.

Com toda a zona junto ao Jardim Zoológico transformada nesta nova praça mais virada para os peões e o transporte suave, a circulação dos transportes públicos será deslocalizada. "O espaço sob o viaduto do Eixo Norte-Sul é transformado em corredores dedicados para diferentes tipos de serviço de autocarro, concentrando no centro o serviço suburbano que têm origem/destino na margem sul do Tejo, articulando diretamente com as rampas de acesso. "Por fora" circulam também em corredores dedicados os autocarros da Carris e do lado do Zoo é ainda criado um corredor/aparcamento de autocarros de excursões", pode ler-se no projeto.

Nesta obra está ainda prevista a reconstrução de um coletor de grandes dimensões na Estrada das Laranjeiras e a redimensionamento dos coletores secundários que confluem neste coletor maior de forma a "mitigar as grandes inundações que se têm verificado nos últimos anos nesta zona, quando existem grandes chuvadas".

Esta intervenção vai abranger uma área de 152 220 metros quadrados e que vai do entroncamento entre a Estrada de Benfica e a rua das Furnas, a Estrada das Laranjeiras e o entroncamento das ruas de Campolide e Professor Lima Basto, sendo ainda delimitada pela vedação do Jardim Zoológico a norte e a sul pelas instalações do Metropolitano, pelo Terminal Rodoviário da Rede Expressos, a Estação Refer de Sete Rios e as oficinas Mercauto.

O primeiro sinal dos transtornos que estas obras vão causar a quem mora na freguesia de São Domingos de Benfica foi dado pela EMEL, que, no dia 11, anunciou que os seus 56 lugares de estacionamento localizados sob o Eixo Norte-Sul, junto a Sete Rios, se encontravam indisponíveis "para a instalação do estaleiro de apoio às obras de requalificação".

A própria Junta de Freguesia já tinha admitido, no seu site, que esta obra irá resultar "em alguns condicionamentos do trânsito envolvente, bem como dificultará acesso de alguns moradores". Com o objetivo de tirar dúvidas aos moradores, a Junta promoveu no dia 13 um encontro aberto à população, com a presença de dois engenheiros da autarquia, no qual o presidente José da Câmara admitiu partilhar alguns dos anseios e preocupações dos fregueses em relação a esta obra. "Antes de ser presidente da Junta, sou freguês", disse ao DN.

Para o presidente da Junta de Freguesia de São Domingos de Benfica a a principal dúvida que assalta os moradores é a questão da mobilidade, sendo que na primeira sessão de esclarecimento os técnicos da autarquia não souberam explicar quais as soluções que a Câmara irá acionar para minorar o impacto da obra. Por essa razão, José da Câmara está a combinar "uma segunda sessão com um painel mais abrangente para dar essas respostas".

Ausente deste encontro esteve a Comissão de Moradores de São Domingos de Benfica, que diz não ter sido convocada pela Junta, mas que tenciona reunir-se em breve com o seu presidente para discutir as obras de Sete Rios e outros problemas da freguesia, nomeadamente a falta de estacionamento. "Sinceramente em termos de custo-benefício não vemos que esta obra traga um grande benefício. Se fossem criadas mais algumas condições junto à rodoviária veria vantagem, mas aquelas obras, para mim, é deitar dinheiro fora", diz Isabel Mendes, presidente da Comissão de Moradores de São Domingos de Benfica, ao DN.

ana.meireles@dn.pt