Zelensky celebra após retirada russa: "Kherson é nossa, do nosso povo"
Cidade do sul do país desocupada pelas forças russas, que citaram a superioridade numérica do inimigo para justificar a retirada.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou esta sexta-feira nas redes sociais que a cidade de Kherson, no sul do país, era novamente do povo ucraniano, depois de a Rússia ter anunciado que havia concluído uma retirada do centro regional.
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"Kherson é nossa, do nosso povo", escreveu no Telegram ao lado de um emoji da bandeira da Ucrânia e imagens de vídeo amador que pareciam mostrar tropas ucranianas a reunir-se com moradores da cidade.
"A população de Kherson nunca desistiu", acrescentou. "Hoje é um dia histórico!", proclamou Zelensky.
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⚡️Ukrainian troops have entered Kherson.
According to videos published online, Ukrainian soldiers are in downtown Kherson. People chant "glory to the Armed Forces!"
Kherson, the only Ukrainian regional capital occupied by Russia since Feb. 24, is now officially liberated. pic.twitter.com/rhdfnDI8Pv
Mais de 30.000 soldados russos passaram para a margem esquerda do Rio Dniepre, que divide a região de Kherson, no sul da Ucrânia, anunciou esta sexta-feira o Ministério da Defesa em Moscovo.
"No total, mais de 30.000 militares russos e quase 5.000 unidades de armamento e veículos militares foram retirados" da margem ocidental do rio, disse o ministério russo, citado pelas agências francesa AFP e espanhola EFE.
This is how I can see my aunt from Kherson region for the first time in 9 months - in a video hugging a Ukrainian soldier. She even doesn"t know to have become an internet star pic.twitter.com/xaKBRXeoi7
O ministério acrescentou que as suas tropas não deixaram nada para trás, nem mesmo carros e equipamento avariado.

© EPA/SERGEY DOLZHENKO
A operação deveu-se ao avanço das tropas ucranianas, que entraram esta sexta-feira na cidade de Kherson, a capital da região com o mesmo nome.
A Rússia citou a superioridade numérica do inimigo para justificar a retirada.
When we hear news of liberating villages in Kherson region.
Glory to Ukrainian Armed Forces! pic.twitter.com/biyhYCAv9p
Disse também que se deveu à necessidade de enviar parte deste contingente para outras zonas da frente, o Donbass (Donetsk e Lugansk, no leste) ou Zaporijia (sudeste).
Kherson, Zaporijia, Donetsk e Lugansk são as quatro regiões ucranianas anexadas pela Rússia em 30 de setembro, numa decisão considerada ilegal por Kiev e pela generalidade da comunidade internacional.
KHERSON IS UKRAINE!!!! pic.twitter.com/5hXbIuwlvy
A cidade de Kherson, onde as tropas russas entraram poucos dias depois da invasão (24 de fevereiro), era a única capital regional ucraniana conquistada pela Rússia em quase nove meses de guerra.
No início de setembro, Kiev lançou um ataque-surpresa na região de Kharkiv (nordeste) e reivindicou, desde então, a reconquista de importantes centros logísticos, como Izium, Kupiansk e Lyman (leste).
Shock, Ukrainian soldiers were completely surrounded in the center of Kherson pic.twitter.com/5QCiMpOuhd
A retirada foi anunciada pelo comandante russo na Ucrânia, general Serguei Surovikin, na quarta-feira, e foi considerada a maior derrota sofrida desde o início da ofensiva militar no país vizinho.
O revés é ainda mais significativo por ocorrer menos de dois meses depois de o líder russo, Vladimir Putin, ter ordenado a mobilização de 300.000 reservistas para consolidar as tropas em dificuldade perante a contraofensiva ucraniana.
Center of Kherson right now.
Locals chant ZSU (Ukrainian Armed Forces) and cheer our Warriors.
Imagine all the emotions on that square!
Our soldiers report they had to slow down their advance because they are hugged and kissed so much. pic.twitter.com/aKEWsOPJM5
A retirada de Kherson foi apoiada por figuras altamente críticas da estratégia do exército russo na Ucrânia, como o líder checheno, Ramzan Kadyrov, mas mal recebida por especialistas próximos do Kremlin (Presidência).
"A rendição de Kherson é a maior derrota geopolítica da Rússia desde o desmembramento da União Soviética", considerou Serguei Markov, antigo conselheiro de Putin, citado pelas agências espanhola EFE e norte-americana AP.
russia: the people of Kherson voted in totally legitimate and legal referendum to join russian federation
The People of Kherson: pic.twitter.com/WWZTjTA7La
Apesar da retirada, o Kremlin afirmou esta sexta-feira que Kherson continua a ser uma região da Federação Russa.
"É um assunto da Federação Russa. Não pode haver mudança", disse o porta-voz presidencial, Dmitri Peskov.
Ao anunciar a mobilização dos reservistas, Putin avisou que a Rússia usaria todos os meios para defender a sua integridade territorial, numa referência à possibilidade de utilização de armas nucleares.
Na perspetiva da Moscovo, as quatro regiões agora anexadas e a península ucraniana da Crimeia, anexada em 2014, fazem parte do território da Federação Russa.