Zelensky: "A indiferença mata juntamente com o ódio"

"Hoje, como sempre, a Ucrânia honra a memória de milhões de vítimas do Holocausto", afirma o presidente ucraniano no dia em que se assinala o 78º ano da libertação dos prisioneiros do campo de concentração nazi de Auschwitz-Birkenau.

No Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, assinalado esta sexta-feira, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que "a indiferença mata juntamente com o ódio", quase um ano depois do início da invasão russa, a 24 de fevereiro.

"Hoje, como sempre, a Ucrânia honra a memória de milhões de vítimas do Holocausto. Sabemos e recordamos que a indiferença mata juntamente com o ódio", declarou Zelensky, de origem judaica, num vídeo divulgado nas redes sociais.

"A indiferença e o ódio são sempre capazes de criar o mal. Por isso é tão importante que todo aquele que valoriza a vida mostre determinação na hora de salvar aqueles que o ódio procura destruir", afirmou.

Pediu, por isso, às nações de todo o mundo que "superem a indiferença para que exista menos espaço para o ódio".

"Eterna recordação a todas as vítimas do Holocausto", frisou.

Nesta mensagem de vídeo, Zelensky não mencionou, no entanto, a Rússia nem a ofensiva militar de Moscovo em território ucraniano.

O chefe das Forças Armadas da Ucrânia, Valery Zaluzhnyi, recordou as vítimas do regime nazi assinalando que "a História repete-se através do genocídio do povo ucraniano".

"Estamos a honrar a memória das vítimas do Holocausto, compartindo a dor do povo judeu e de todas as vítimas do terror nazi durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945)", escreveu Zaluzhnyi através do sistema digital de mensagens Telegram.

A Rússia, recorde-se, acusa a Ucrânia de ser governada por nazistas que tentam exterminar os habitantes de língua russa para justificar a operação militar especial, como Moscovo designa a invasão, em curso desde 24 de fevereiro. E o presidente russo, Vladimir Putin, insistiu na retórica esta sexta-feira.

"Esquecer as lições da história leva à repetição de terríveis tragédias", defendeu Vladimir Putin, em comunicado hoje divulgado.

"A prova disso são os crimes contra civis, a limpeza étnica (e) as ações punitivas organizadas pelos neonazis da Ucrânia", afirmou, acrescentando que "é contra esse mal que os soldados [russos] estão a lutar corajosamente".

O Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto é comemorado anualmente, na sequência de uma resolução das Nações Unidas de 2005, assinalando-se hoje o 78.º ano da libertação dos prisioneiros do campo de concentração nazi de Auschwitz-Birkenau.

Vários sobreviventes vão hoje reunir-se para lembrar os últimos meses da II Guerra Mundial numa altura em que se vive novamente uma guerra na Europa.

O antigo campo de concentração e extermínio situa-se na cidade de Oswiecim, no sul da Polónia, que, durante a II Guerra Mundial, esteve sob ocupação das forças alemãs e se tornou um local onde foram assassinados milhares de judeus, polacos, prisioneiros de guerra soviéticos, ciganos e outros alvos dos nazis.

Ao todo, cerca de 1,1 milhões de pessoas foram mortas no vasto complexo antes de o campo ser libertado pelas tropas soviéticas, em 27 de janeiro de 1945.

O local fica a apenas 300 quilómetros da Ucrânia, onde a agressão russa iniciada em fevereiro de 2022 provocou uma nova guerra na Europa que assombra muitos daqueles que prestam homenagem às vítimas de há oito décadas.

Vladimir Putin compareceu às comemorações do 60º aniversário da libertação do campo, em 2005, mas deixou de ser bem-vindo há vários anos e nenhuma autoridade russa foi convidada para estar presente hoje devido ao ataque da Rússia à Ucrânia, de acordo com o museu de Auschwitz-Birkenau.

Cerca de seis milhões de judeus europeus foram mortos no Holocausto e outros milhões foram mortos durante a guerra, que durou de 1939 a 1945.

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