UE promete apoio adicional a uma Moldávia que prevê "cenários pessimistas"
Pequeno estado acolhe cem mil refugiados ucranianos e pode ser alvo de invasão russa, segundo o serviço de informações da Ucrânia.
O presidente do Conselho Europeu deslocou-se à capital da Moldávia para levar uma mensagem de solidariedade, mas também a promessa de um redobrar dos apoios a um país vizinho da Ucrânia e que tem na região separatista pró-russa da Transnístria, onde na semana passada se registaram várias explosões, um ponto de possível instabilidade.
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Depois de ter dito que no ano anterior a UE apoiou o exército daquele antigo estado soviético com sete milhões de euros, Charles Michel não quantificou a nova ajuda. "Este ano planeamos aumentar significativamente o nosso apoio à Moldávia, fornecendo às suas forças armadas equipamento militar adicional", disse durante a conferência de imprensa com a presidente moldava Maia Sandu.
"A União Europeia está totalmente solidária consigo, com a Moldávia. É nosso dever europeu ajudar e apoiar o seu país", disse Michel à chefe de Estado pró-europeia. O pequeno país de 2,6 milhões de habitantes (em 2020, segundo o Banco Mundial), acolhe cerca de cem mil refugiados ucranianos, pelo que é o estado com o maior número per capita. Entre assistência humanitária e de fronteiras, Bruxelas enviou para Chisinau 46 milhões de euros. Agora, o presidente do Conselho reafirmou que o bloco ajudará a Moldávia "a enfrentar as consequências do alastramento da agressão russa na Ucrânia".
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"Não vemos qualquer ameaça iminente neste momento, mas temos planos de contingência para tais cenários pessimistas", comentou Sandu. Acrescentou que os incidentes na Transnístria - explosões nas torres de rádio e TV, numa unidade militar e num edifício dos serviços de informações do governo pró-russo, bem como tiros disparados contra uma aldeia que albergava um depósito de armas russo -, são "preocupantes" e foram "criados pelas forças pró-guerra". "Tentamos desencorajar tais incidentes", disse Sandu, que preside a um país neutral que desde o início dos anos 90 ficou de facto sem a faixa leste do território depois de uma guerra. Desde então a Transnístria tem cerca de 1500 soldados russos no território.
Os receios de um alastramento do conflito aumentaram depois de um general russo ter dito que é objetivo do Kremlin criar um corredor terrestre através do sul da Ucrânia até à Transnístria. Kiev acusou a Rússia de originar incidentes, desestabilizar a região e criar um pretexto para uma intervenção militar, tal como fez no Donbass.
Maia Sandu também reafirmou a intenção da Moldávia de se tornar membro da União Europeia, depois de ter apresentado um pedido a 3 de março. "Escolhemos a integração europeia como nosso modelo de desenvolvimento. O perigo e a incerteza da guerra do vizinho mostrou-nos que temos de defender a nossa escolha e dar passos firmes na direção do caminho escolhido", disse Sandu. Em resposta, Michel prometeu continuar "a aprofundar a parceria" para aproximar o país da UE.
Em março, a rede elétrica moldava foi sincronizada com a rede continental europeia e na última reunião do Conselho Europeu foi acordado que a futura plataforma comum para a compra de recursos energéticos estará aberta aos parceiros associados, o que inclui a Moldávia.