Rishi Sunak, bilionário e primeiro não branco no poder no Reino Unido

O novo primeiro-ministro britânico estudou em Oxford e Stanford e antes de entrar para a política, trabalhou no mundo das finanças.

Rishi Sunak tornou-se o primeiro chefe de governo britânico de uma minoria étnica após ser designado esta segunda-feira como novo líder do Partido Conservador. Trata-se de um bilionário ex-banqueiro, neto de imigrantes indianos e defensor da ortodoxia orçamentária.

Lançando-se como o único candidato a suceder Liz Truss, que foi forçada na semana passada pelos próprios conservadores a deixar o poder depois de apenas um mês e meio de caos com as suas políticas fiscais, chegou agora a hora de Sunak.

Em setembro, Sunak perdeu contra Truss na disputa para substituir Boris Johnson, apesar de alertar que os planos económicos ultraliberais da sua rival eram "fantasiosos" em tempos de alta inflação.

Essa prudência, que lhe rendeu o rótulo de "socialista" por alguns membros da direita, agora o designa como a pessoa certa para tranquilizar os mercados e estabilizar uma economia ameaçada de recessão.

Tudo isso apesar de muitos britânicos o verem como um tecnocrata muito rico, desconectado da vida da população, e os apoiantes de Johnson considerarem-no um "traidor" que, com sua renúncia ao cargo de ministro das Finanças em julho, desencadeou a queda do líder polémico.

O primeiro hindu no poder

Depois de apenas cinco anos no Partido Conservador, Sunak, desconhecido do grande público apesar de ser o deputado mais rico do Reino Unido, foi nomeado ministro das Finanças por Johnson em fevereiro de 2020.

Tornou-se assim o primeiro britânico de origem indiana e religião hindu a liderar essa pasta.

No passado, Rishi Sunak fez um juramento no Bhagavad Gita, um livro sagrado do hinduísmo, escrito em sânscrito. E agora torna-se o primeiro chefe de governo dessa religião, e o primeiro não branco, mesmo no início do Diwali, um grande feriado hindu de cinco dias.

Um mês após sua chegada ao governo em 2020, o surto da pandemia rapidamente permitiu que ele se diferenciasse da imagem controversa de seu chefe: graças a um enorme pacote de ajuda pública, Sunak emergiu como um dos membros mais populares do governo, enquanto Johnson foi duramente criticado por seu tratamento equivocado da crise de saúde.

A imagem dos dois políticos contrasta como o dia e a noite.

Sunak afirma não beber álcool e tem um cuidado extremo com sua imagem de seriedade e modernidade nas redes sociais, onde foi criticado por aparecer com aparelhos tecnológicos muito caros, que ilustram como a sua vida difere da do povo britânico médio.

As grandes fortunas

Nascido em 12 de maio de 1980 em Southampton, na costa sul da Inglaterra, Sunak é o mais velho dos três filhos de um clínico geral do serviço de saúde pública e de uma farmacêutica.

Nascidos na Índia, os seus avós emigraram para o leste da África Oriental britânica nos anos 1960.

Sunak, que afirma ter sido vítima de racismo num restaurante de fast food quando era adolescente, estudou na Winchester College, um colégio para meninos, e estudou Política, Filosofia e Economia nas prestigiosas universidades britânica de Oxford e americana de Stanford.

Conheceu sua esposa, Akshata, na Califórnia, onde o casal, que tem duas filhas, morou antes de se mudar para o Reino Unido.

Defensor do Brexit, Sunak declara-se fã de críquete, futebol e da saga cinematográfica "Star Wars".

Antes de entrar para a política, trabalhou no mundo das finanças, incluindo no grupo Goldman Sachs e teve sua própria empresa de investimentos. Em maio, tornou-se no primeiro responsável político do Reino Unido a entrar na lista das grandes fortunas.

Ele e sua esposa têm um património estimado em 860 milhões de euros (730 milhões de libras).

A sua popularidade caiu quando, assim que as restrições do coronavírus foram suspensas, cortou os auxílios e começou a aumentar os impostos para cumprir a ortodoxia orçamentária.

"Para mim, ser conservador significa ser responsável pelo dinheiro, tanto do povo quanto das finanças públicas", justificou-se diante dos membros do seu partido que o criticaram por essa política impopular.

A sua imagem também foi prejudicada por um escândalo sobre o status fiscal vantajoso da sua esposa.

Registada como "não domiciliada" no Reino Unido, Murty evitava pagar impostos no país pela sua renda milionária no exterior. A manobra era legal, mas foi tão criticada que acabou por mudar a sua situação fiscal.

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