Putin não vê necessidade de falar com Biden

O presidente russo mostrou-se confiante de que a Rússia "está a fazer tudo certo" na Ucrânia, apesar dos últimos reveses.

O presidente russo, Vladimir Putin, disse esta sexta-feira que não vê "a necessidade" de falar com o homólogo norte-americano, Joe Biden. "Devíamos perguntar-lhe a ele se está disposto a falar comigo ou não. Para ser honesto, não vejo a necessidade", afirmou numa conferência de imprensa no Cazaquistão, onde esteve numa cimeira regional. A possibilidade de uma reunião à margem da cimeira do G20, que se realiza no próximo mês em Bali, não foi rejeitada por Biden, sendo que ainda não é certa a presença do próprio Putin.

"Não tenho intenção nenhuma de me reunir com ele", disse o presidente norte-americano numa entrevista à CNN. "Por exemplo, se ele vier ter comigo no G20 e disser que quer falar sobre a libertação da Brittney Griner [basquetebolista detida por alegada posse de droga na Rússia], eu encontro-me com ele. Quero dizer, depende", acrescentou Biden. A Rússia ainda está contudo a analisar de que forma estará presente na cimeira, que se realiza a 15 e 16 de novembro.

Na conferência de imprensa de desta sexta-feira, o presidente russo mostrou-se confiante na vitória na Ucrânia, descartando novos bombardeamentos "em massa" como os que ocorreram após a explosão que destruiu parcialmente a ponte da Crimeia e deixou um alerta à NATO. "A introdução de tropas em confronto direto com o exército russo é um passo muito perigoso que pode levar a uma catástrofe global", disse Putin sobre o potencial de confrontos com a Aliança Atlântica. "Espero que aqueles que falam disso tenham senso suficiente para não dar esses passos", acrescentou.

Putin alegou que a Rússia "está a fazer tudo certo na invasão, apesar dos reveses no terreno. Admitindo que o que está a acontecer "não é agradável", argumenta que se as suas forças não tivessem invadido "estaríamos na mesma situação, mas as condições seriam piores".

Na sua opinião, não são precisos "por agora" mais bombardeamentos "em massa" como os que ocorreram no início da semana, tendo sido destruídos 22 dos 29 alvos propostos. Os ataques voltaram a atingir inúmeras cidades e alvos civis, incluindo em Kiev. "Não temos a tarefa de destruir a Ucrânia", disse aos jornalistas.

Questionado sobre um possível diálogo de paz com os ucranianos, Putin explicou que "assim que as tropas [russas] foram retiradas [da região] de Kiev, a liderança em Kiev perdeu todo o desejo para negociar", alegando que russos e ucranianos tinham chegado a um acordo preliminar nas negociações de final de março mediadas pela Turquia que poderiam ter posto fim às hostilidades. Putin explicou ainda que o governo ucraniano "tem dito que quer negociar e ostensivamente pediu-as, mas agora emitiram uma decisão formal que as proíbe". O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, assinou um decreto a proibir todas as negociações com Moscovo enquanto Putin estiver no poder.

O presidente russo indicou ainda que a mobilização dos reservistas que decretou há três semanas deverá ficar concluída em duas semanas, dizendo que 220 mil dos esperados já foram mobilizados 300 mil. "Este trabalho está a chegar ao fim", referiu Putin.

susana.f.salvador@dn.pt

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