Nobel da Medicina atribuído a David Julius e Ardem Patapoutian
O prémio Nobel da Medicina foi atribuído a David Julius e Ardem Patapoutian. Os dois investigadores foram distinguidos "pelas suas descobertas de recetores para a temperatura e o tato"
David Julius e Ardem Patapoutian foram esta segunda-feira distinguidos com o prémio Nobel da Medicina "pelas suas descobertas de recetores para a temperatura e o tato".
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"As descobertas revolucionárias pelos laureados com o Prémio Nobel deste ano permitiram-nos compreender como o calor, o frio e a força mecânica podem iniciar os impulsos nervosos que nos permitem perceber e adaptar-nos ao mundo", disse o júri Nobel
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The 2021 #NobelPrize in Physiology or Medicine has been awarded jointly to David Julius and Ardem Patapoutian "for their discoveries of receptors for temperature and touch." pic.twitter.com/gB2eL37IV7
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David Julius nasceu em Nova Iorque, em 1955, e é atualmente professor na Universidade da Califórnia.
Ardem Patapoutian nasceu em Beirute, no Líbano, em 1967, mas mudou-se durante a juventude para os Estados Unidos e é agora cientista no instituto Scripps Research, em La Jolla, na Califórnia.
Os nomes dos vencedores foram anunciados por Thomas Perlmann, secretário-geral do comité do prémio Nobel no Instituto Karolinska, em Estocolmo (Suécia).
"A nossa capacidade de sentir o calor, o frio e o toque é essencial para a sobrevivência e sustenta a nossa interação com o mundo ao nosso redor. No nosso dia a dia, consideramos essas sensações naturais, mas como é que os impulsos nervosos são iniciados para que a temperatura e a pressão possam ser percebidas? Esta questão foi resolvida pelos vencedores do prémio Nobel [da Medicina] deste ano", lê-se no comunicado do Comité Nobel.
"[David Julius e Ardem Patapoutian "identificaram elos críticos em falta na nossa compreensão da complexa interação entre os nossos sentidos e o ambiente", adianta o comunicado.
O cientista norte-americano recorreu à capsaicina, um composto químico e o componente ativo das pimentas que provoca uma sensação de ardor para assim identificar um sensor nas extremidades nervosas da pele que responde ao calor.
Conhecimento utilizado no desenvolvimento de tratamentos para a dor crónica
Por sua vez, o laureado libanês descobriu uma nova classe de sensores que respondem a estímulos mecânicos na pele e nos órgãos internos através de células sensíveis à pressão.
Como resultado destas descobertas, passou a ser possível compreender melhor como o calor, o frio e o toque são processados pelo sistema nervoso, sendo que os canais iónicos identificados são importantes para muitos processos fisiológicos e situações de doença. O conhecimento adquirido está já a ser utilizado no desenvolvimento de tratamentos para uma série de patologias, incluindo dor crónica.
Até às descobertas alcançadas por David Julius e Ardem Patapoutian, a compreensão do funcionamento do sistema nervoso e a interpretação do ambiente à sua volta desconhecia ainda como é que a temperatura e os estímulos mecânicos eram convertidos em impulsos elétricos no sistema nervoso.
A atribuição do prémio Nobel às descobertas relacionadas com os recetores da temperatura e do toque acabou por passar ao lado da pandemia de covid-19 e dos avanços científicos realizados ao longo do último ano e meio no desenvolvimento das vacinas.
Na terça-feira, vai ser conhecido o vencedor (ou vencedores) do prémio Nobel da Física e no dia seguinte o da Química. Segue-se o Nobel da Literatura, na quinta-feira, e o da Paz, na sexta-feira.
O último anúncio será feito no dia 11 de outubro (segunda-feira) e determinará o vencedor do Nobel da Economia.
Os prémios Nobel nasceram da vontade do cientista e industrial sueco Alfred Nobel (1833-1896) em legar grande parte da sua fortuna a pessoas que trabalhem por "um mundo melhor". O prestígio internacional dos prémios Nobel deve-se, em grande parte, às quantias atribuídas, que atualmente chegam aos dez milhões de coroas suecas (mais de 953.000 euros).
Com Lusa
Notícia atualizada às 11:42