Nobel da Literatura para Abdulrazak Gurnah
O escritor Abdulrazak Gurnah foi distinguido com o Nobel da Literatura "pela sua penetração descomprometida e compassiva dos efeitos do colonialismo e do destino dos refugiados no espaço entre culturas e continentes".
O Prémio Nobel de Literatura de 2021 foi atribuído, esta quinta-feira, a Abdulrazak Gurnah, escritor nascido na Tanzânia.
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É o primeiro autor negro africano a ser reconhecido pela Academia Sueca em mais de trinta anos, depois do nigeriano Wole Soyinka, laureado nos anos 1980.
Abdulrazak Gurnah consciously breaks with convention, upending the colonial perspective to highlight that of the indigenous populations. Thus, his novel "Desertion" (2005) about a love affair becomes a blunt contradiction to what he has called "the imperial romance".#NobelPrize
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Gurnah, que reside no Reino Unido desde a adolescência, foi distinguido com o Nobel da Literatura "pela sua penetração descomprometida e compassiva dos efeitos do colonialismo e do destino dos refugiados no espaço entre culturas e continentes".
Abdulrazak Gurnah, que nasceu em 1948 em Zanzibar, na Tanzânia, e vive desde a adolescência no Reino Unido, é o 118.º laureado na história do Nobel da Literatura, mas há mais de três décadas que nenhum escritor africano negro era reconhecido com aquele prémio.
Anteriormente, tinha sido o escritor nigeriano Wole Soyinka, em 1986.
Perante um galardão que é "historicamente muito ocidental", como escreve a agência AFP, a última vez que a Academia Sueca distinguiu um autor africano com o Nobel da Literatura foi em 2003, ao sul-africano J.M. Ccoetzee.
De toda a história do Nobel da Literatura, atribuído pela primeira vez em 1901, mais de 80% foram autores europeus ou norte-americanos, contabilizou a AFP.
Gurnah "nasceu em 1948 e cresceu na ilha de Zanzibar, no Oceano Índico, mas chegou a Inglaterra como refugiado no final da década de 1960. Publicou 10 romances e uma série de contos", indica a Real Academia Sueca. As questões relacionadas com os refugiados percorrem a sua obra.
"No universo literário de Gurnah, tudo está está em mudança - memórias, nomes, identidades. Uma exploração sem fim impulsionada pela paixão intelectual está presente em todos os seus livros, e igualmente proeminente em 'Afterlives' (2020), como quando ele começou a escrever como um refugiado de 21 anos", refere o comité do prémio Nobel na rede social Twitter
In Gurnah"s literary universe, everything is shifting - memories, names, identities. An unending exploration driven by intellectual passion is present in all his books, and equally prominent now in "Afterlives" (2020), as when he began writing as a 21-year-old refugee.
Os romances de Abdulrazak Gurnah "abrem o nosso olhar para uma África Oriental culturalmente diversificada, desconhecida para muitos em outras partes do mundo", acrescenta.
Abdulrazak Gurnah, que escreve em inglês embora a sua língua nativa seja o suaíli, publicou sobretudo romance e contos, nomeadamente, "Paradise" (1994) e "Afterlives" (2020), e "tem sido amplamente reconhecido como um dos mais proeminentes escritores do pós-colonialismo".
Em Portugal, tem apenas um livro editado, "Junto ao Mar", pela Difel, em 2003.
No entender do comité sueco, a obra literária de Abdulrazak Gurnah é um "retrato vívido e preciso de uma outra África, numa região marcada pela escravatura e por diferentes formas de repressão de vários regimes e poderes colonialistas: português, indiano, árabe, alemão e britânico".
O Nobel da Literatura é um prémio concedido anualmente, desde 1901, pela Academia Sueca a autores que fizeram notáveis contribuições ao campo da literatura, e tem um valor pecuniário superior a 900 mil euros.
Na sexta-feira vai ser conhecido o nome do Nobel da Paz deste ano e, na segunda-feira (11 de outubro), será revelado o vencedor do Nobel da Economia.
Com Lusa
Notícia atualizada às 14:10