Líder da NATO reafirma apoio à Ucrânia na guerra "enquanto for necessário"
Jens Stoltenberg garante que a aliança não recuará nesta posição.
O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, reafirmou esta terça-feira, em Bucareste, o apoio da Aliança Atlântica à Ucrânia na guerra com a Rússia "enquanto for necessário" e que a organização não recuará nesta posição.
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"A mensagem de Bucareste é que a NATO continuará a apoiar a Ucrânia pelo tempo que for necessário. Não vamos recuar", afirmou Stoltenberg num fórum na capital romena, citado pela agência espanhola EFE.
O fórum antecedeu uma reunião dos chefes da diplomacia dos 30 Estados-membros da NATO (sigla inglesa da Organização do Tratado do Atlântico Norte) que se realiza esta terça-feira e quarta-feira, em Bucareste, com o reforço do apoio a Kiev como um dos temas da agenda.
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A NATO não participa diretamente na guerra da Ucrânia, mas a organização e os aliados têm apoiado Kiev no conflito iniciado pela Rússia há nove meses.
Esse apoio inclui o fornecimento de equipamento militar, o que permitiu a Kiev lançar uma contraofensiva e reconquistar terreno sob controlo das forças russas.
O líder da NATO justificou o apoio militar a Kiev, que descreveu como "sem precedentes", com o "direito à autodefesa" da Ucrânia.
Stoltenberg considerou que o Presidente russo, Vladimir Putin, "está a falhar na sua brutal guerra de agressão" contra a Ucrânia e a responder com "mais brutalidade" aos desaires das suas tropas.
Acusou a Rússia de realizar "ataques deliberados de mísseis a cidades e infraestruturas civis, atingindo casas, hospitais e a rede elétrica".
"Isto é terrível para a Ucrânia, mas estes são também tempos difíceis para nós no resto da Europa e em muitos outros países em todo o mundo", comentou o antigo primeiro-ministro trabalhista norueguês (2000-2001 e 2005-2013).
Stoltenberg disse que se está perante uma "dolorosa crise do custo de vida", mas salvaguardou que o preço mais elevado é pago pelos ucranianos.
"Na verdade, estamos todos a pagar um preço pela guerra da Rússia contra a Ucrânia, mas o preço que pagamos é em dinheiro, enquanto o preço que os ucranianos pagam é em sangue", afirmou.
Stoltenberg advertiu para o "preço muito mais elevado" que será pago "durante muitos anos" se o mundo permitir que Putin vença a guerra.
Justificou que a lição que Putin e "outros líderes autoritários" aprenderão é que "podem alcançar os seus objetivos usando força bruta", pelo que continuarão a usá-la.
Stoltenberg reafirmou também que a NATO está "pronta a defender cada centímetro do território aliado".
Antes de invadir a Ucrânia, em 24 de fevereiro, a Rússia exigiu à NATO garantias em forma de tratados de que o país vizinho nunca faria parte da NATO e que as forças aliadas retirassem as suas forças na Europa para as fronteiras anteriores ao alargamento a Leste.
A NATO recusou essas exigências com base no seu princípio de "porta aberta" e, entretanto, a Ucrânia pediu formalmente a adesão à organização, tal como a Suécia e a Finlândia.
A Bósnia-Herzegovina e a Geórgia, dois países que integraram a União Soviética, como a Ucrânia, pediram também a adesão à NATO, apesar das críticas da Rússia.
Stoltenberg disse que a guerra mostrou uma "perigosa dependência" europeia do gás russo e considerou que isso deve levar a uma avaliação da dependência de outros países que qualificou como autoritários, como a China.
"É claro que continuaremos a comerciar e a envolver-nos economicamente com a China, mas temos de estar conscientes das dependências, reduzir as nossas vulnerabilidades e gerir os riscos", afirmou.
A dependência de fornecimentos de regimes como o da China é um dos temas da agenda dos ministros dos Negócios Estrangeiros da NATO na quarta-feira.
Stoltenberg afirmou que a NATO não se está a tornar uma aliança militar global, mas defendeu que a China está a aproximar-se da área da Aliança Atlântica.
Disse que Pequim tem uma presença crescente no ciberespaço e em África ou no Ártico, e que há "diferentes tentativas por parte da China de aumentar a sua presença na Europa com diferentes atividades e tentando controlar infraestruturas críticas".
Nesse sentido, defendeu que as implicações de segurança das decisões económicas também devem ser tidas em conta, como é o caso da gestão de redes 5G.