Lavrov em périplo por África em busca de aliados para o Kremlin

MNE russo iniciou no Egito uma operação de charme que o vai levar à Etiópia, Uganda e República do Congo.

Numa conferência de imprensa no Cairo com o seu homólogo egípcio, Sergei Lavrov garantiu este domingo que já foi levantado o bloqueio aos portos ucranianos, após o acordo assinado na sexta-feira entre Moscovo e Kiev para permitir a exportação de 25 milhões de toneladas de cereais. O ministro dos Negócios Estrangeiros russo atribuiu ainda a crise alimentar mundial às sanções ocidentais contra a Rússia, em retaliação contra a invasão da Ucrânia a 24 de fevereiro, no início de um périplo por vários países africanos.

"Confirmamos o compromisso dos exportadores russos de cereais em cumprir todas as suas obrigações", disse Lavrov após um encontro com Sameh Shukri. E acrescentou: "houve uma iniciativa do secretário-geral da ONU e o bloqueio imposto aos portos ucranianos foi efetivamente levantado, sendo que a outra parte da iniciativa é levantar o cerco às exportações russas de trigo".

Lavrov reiterou, contudo, que, para abrir um caminho seguro para a saída dos cereais armazenados nos silos da Ucrânia, um dos maiores fornecedores de cereais do mundo, este país deve primeiro remover as minas que colocou nos seus portos no início da invasão russa do seu território.

O chefe da diplomacia russa não fez qualquer referência ao ataque no sábado contra o porto de Odessa, já depois da assinatura do pacto. Segundo o seu porta-voz, este ataque foi dirigido contra uma infraestrutura militar.

O Egito, que mantém laços de proximidade com a Rússia, da qual recebe trigo, armas e - pelo menos até à invasão da Ucrânia - um grande número de turistas, foi o país escolhido para Lavrov iniciar a operação de charme por África, num esforço para recolher apoios. O ministro russo segue depois para a Etiópia o Uganda e República do Congo.

Num artigo publicado em quatro jornais desses países, Lavrov rejeitou a responsabilidade da Rússia pela crise alimentar. E saudou o que chamou de "caminho independente" seguido pelos países africanos ao recusarem juntar-se às sanções ocidentais contra a Rússia e às "tentativas indisfarçáveis dos EUA e dos seus satélites europeus para saírem por cima e imporem uma ordem mundial unipolar".

Com África a importar 40% do seu trigo da Rússia e Ucrânia, vários países do continente estão a ser fortemente afetados pelo bloqueio que a guerra provocou.

No terreno, o 151.º dia de guerra ficou marcado pelas declarações do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky de que as suas tropas estão a avançar "passo a passo" em Kherson, com Kiev a acreditar que terá recuperado a região, atualmente ocupada pelos russos, em setembro.

Entretanto o governador de Donetsk, Pavlo Kyrylenko garantiu que dois civis morreram num bombardeamento russo contra uma escola da região, enquanto em Zaporizhizhia, o governador garantiu que os russos ainda mantêm 170 pessoas cativas das 415 que sequestraram.

helena.r.tecedeiro@dn.pt

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