"Bêbedo" e "canibal". Campanha eleitoral cada vez mais agressiva

A campanha da segunda volta das eleições do Brasil continua agitada: Jair Bolsonaro chamou Lula da Silva de "pinguço" [bêbedo] em conferência de imprensa e o tempo de antena do antigo presidente recuperou uma entrevista de 2016 ao <em>The New York Times </em>onde o atual chefe de estado admitia comer um índio cozido com banana "sem problema nenhum".
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"A campanha tem escalada de agressividade entre adversários e retórica nas redes sociais chega aos programas eleitorais dos dois candidatos no rádio e na TV", assinala o jornal O Estado de S. Paulo.

Bolsonaro, do PL, tenta impedir a divulgação do vídeo sobre canibalismo, queixando-se ao Tribunal Superior Eleitoral do seu uso. Lula, do PT, reagiu ao "pinguço" dizendo que o adversário "está muito nervoso e muito irritado". "O conselho que eu lhe dou é o seguinte: um chefe de estado nunca pode ficar irritado, nunca pode ficar nervoso."

Entretanto, além da discussão sobre o que cada um come e bebe, a luta por apoios continua. Lula conseguiu capitalizar, com fotografias e trocas de elogios, os apoios já manifestados de Simone Tebet, a candidata do MDB que ficou em terceiro lugar na primeira volta, e de Fernando Henrique Cardoso (FHC), presidente de 1995 a 2002. "Dou total apoio, pensamos da mesma forma", disse Tebet. "As ideias que nos trouxe são completamente assimiláveis pela nossa campanha e espero o seu apoio para ajudar a pô-las em prática", respondeu Lula.

Como legenda à foto com o ex-rival, o candidato escreveu "reencontro democrático". A equipa económica de FHC, que instituiu o real como moeda no final do século passado, também declarou em peso voto em Lula.

Bolsonaro conseguiu o apoio do prefeito de Maceió, que trocou de partido, o PSB, da coligação em torno de Lula, pelo PL, a formação do presidente.

Nas sondagens, Lula está na frente nas quatro já divulgadas mas com pontuações diferentes em votos válidos em cada uma delas. Oscila de 52%, na PoderData, a 55%, no Ipec. Bolsonaro, consequentemente, vai de 45% a 48%.

Nas últimas horas, o atual presidente viajou para Belém do Pará, onde se realiza uma das maiores concentrações religiosas do mundo, o Círio de Nazaré, que reúne 2,5 milhões de pessoas. Bolsonaro participou na romaria fluvial, gerando controvérsia com o governador do estado Helder Barbalho, e o prefeito da cidade Edmilson Rodrigues, ambos eleitores de Lula. "O Círio de Nazaré é intocável e nenhum político se pode apropriar", disse Barbalho. A arquidiocese local afirmou também que não fez nenhum convite ao presidente.

A "guerra santa", luta pelo voto religioso, católico e protestante, tem marcado a corrida eleitoral.

Lula, pelo terceiro dia seguido, fez campanha no estado de São Paulo, desta vez em Campinas, ao lado de Fernando Haddad, a tentar eleger-se governador mas em desvantagem para Tarcísio Freitas, candidato do campo bolsonarista.

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