Ayuso: "Feijóo é o candidato para estes momentos. Traz a paz necessária ao PP"

A presidente da Comunidade de Madrid, Isabel Díaz Ayuso, prepara vinda a Lisboa em abril. Falou aos correspondentes estrangeiros.

Semanas depois da grave crise aberta no Partido Popular, principal força da oposição em Espanha, as águas voltam ao seu curso, pelo menos no que à unidade se refere. "[Alberto Núñez] Feijóo é o candidato idóneo para estes momentos. Traz a paz necessária para o partido", afirmou ontem Isabel Díaz Ayuso, presidente da Comunidade de Madrid, num encontro com correspondentes estrangeiros. O futuro líder dos populares, o até agora presidente da Xunta da Galiza, tem o apoio dos barões do partido, entre eles Ayuso.

"Vivemos um momento traumático, nunca antes visto. Sempre formos um partido organizado. Agora estamos a coser as feridas e vamos sair muito reforçados", confessa a dirigente popular. Feijóo conseguiu quatro maiorias absolutas na Galiza, "já provou tudo e foi corajoso ao dar este passo", sublinha. Já Ayuso não avançou porque diz estar comprometida com a Comunidade de Madrid. Está no cargo "só há dois anos e meio e esperamos momentos muito difíceis. Não posso criar uma crise em Madrid para resolver uma crise do partido. Sou fiel à minha casa, mas Madrid está acima agora", acrescenta.

A presidente da região madrilena lembra que o mal-estar dentro do PP já existia há tempos e em distintos espaços. A polémica surgida com um possível caso de corrupção do seu irmão, que levou à queda de Pablo Casado - o líder afastado pelo partido -, "é o final de uma etapa de grande descontentamento. Precipitou tudo", sublinha. Em relação à empresa do irmão (que conseguiu trazer máscaras para Madrid no início da pandemia) Ayuso está tranquila porque "não o favoreci". Lembra que nunca esteve envolvida nos negócios da sua família e que o irmão é fornecedor de material sanitário há 26 anos. O assunto está agora em mãos da Procuradoria.

Para Ayuso, o futuro do PP passa por "ser mais PP e recuperar os votos que foram para o Ciudadanos e o Vox. Começou uma nova etapa, temos que estar unidos e devemos ser uma alternativa de governo ao desastre que a Espanha está a viver" - a coligação PSOE-Unidas Podemos. Sobre o papel do VOX na política espanhola, pensa que são os espanhóis quem decide - "em Madrid é um papel mais externo, às vezes apoiam e outras não e em Castela e Leão é um papel mais ativo", dentro do governo do PP.

Isabel Díaz Ayuso (Madrid, 1978) sublinha o papel da região como motor económico do país e mostra-se orgulhosa da gestão feita durante a pandemia. "Fomos contra a corrente, sabíamos que ia durar dois anos e por isso defendemos uma política a longo prazo. Fechar é fácil, mas abrir pode ser impossível", indica a presidente, em relação aos negócios da região que conseguiu salvar durante a pandemia. Já perto de recuperar a normalidade Madrid enfrenta, como o resto do mundo, as consequências da guerra na Ucrânia. Em relação aos refugiados, o governo regional está a preparar escolas, hospitais e centros para os receber. "Não temos um número dos que podem vir", confessa, à espera de que o governo de Pedro Sánchez facilite mais informação a esse respeito. "Já retivemos 500 mil euros e disponibilizámos outros 100 mil para camiões que estão a levar toda a ajuda que estão a dar os madrilenos".

Na Comunidade de Madrid consideram que a guerra vai trazer uma despesa extra para a região de 1400 milhões de euros. Por isso Ayuso mostra-se partidária de priorizar os fundos europeus. "Pensamos na agenda 2030, mas não estamos a pensar nos cidadãos de 2022", lamenta. Espera que a UE seja flexível e os fundos se possam canalizar para ajudar às necessidades das pessoas.

Segundo apurou o DN junto a equipa da presidente da Comunidade de Madrid, está a ser preparada uma viagem a Lisboa para previsivelmente o próximo mês. Na deslocação Ayuso espera manter encontros políticos e económicos.

dnot@dn.pt

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