Internacional
20 setembro 2021 às 07h10

Vulcão de La Palma já destruiu casas. Oito portugueses identificados

Os portugueses que se encontram em La Palma estão bem e não pediram para já qualquer ajuda. O primeiro-ministro espanhol garantiu que há capacidade para "enfrentar qualquer tipo de eventualidade".

DN/Lusa

Um rio de lava já está a afetar as habitações mais perto do local da erupção do vulcão Cumbre Vieja na ilha de La Palma. Segundo o alcaide de El Paso, aquela região já está completamente evacuada, pelo que a situação é segura para as pessoas. O mesmo não se pode dizer em relação às infraestruturas, uma vez que cerca de 20 casas "estão completamente destruídas, segundo Javier Rodríguez Fernández. Mas, informações mais recentes, indicam que a lava já terá afetado uma centena de habitações.

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A situação na zona de La Palma afetada pela erupção "é devastadora", afirmou o presidente do Cabildo de La Palma. "Um fluxo de lava com uma altura média de seis metros corrói literalmente casas, infraestruturas, colheitas que encontra a caminho", explicou Mariano Hernández Zapata.

Em visita ao local, durante a manhã desta segunda-feira, o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez garantiu que, do ponto de vista económico, "ninguém ficará para trás". "Temos capacidade suficiente implantada aqui em La Palma para poder enfrentar qualquer tipo de eventualidade", disse, acrescentando que neste momento, o mais importante é garantir um perímetro de segurança.

O presidente do governo espanhol pediu ainda cautela perante esta erupção. "O vulcão continua a atuar, continua a operar, e temos que tomar precauções extremas. Foi uma noite muito longa, dias muito longos virão, mas todas as instituições estão unidas e toda a Espanha está com La Palma", garantiu Sánchez.

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A secretária de Estado das Comunidades disse, à RTP, que de momento se encontram cerca de oito portugueses na ilha. Os cidadãos encontram-se bem e não pediram para já, qualquer ajuda.

"Na zona dos três municípios afetados pela erupção vulcânica estão identificados oito portugueses pelas autoridades. Estamos em permanente contacto na ilha de Palma com as autoridades locais. Até ao momento não nos foi comunicado que necessitassem de nenhum tipo de ajuda", relatou Berta Nunes.

A secretária de Estado adiantou ainda que na ilha de La Palma estão cerca de 500 turistas, mas não existe a indicação de que entre eles haja portugueses.

Entretanto, o primeiro-ministro português enviou no domingo à noite uma mensagem de solidariedade ao seu homólogo espanhol e manifestou a disponibilidade de Portugal para fornecer apoio. Também o presidente do Governo Regional dos Açores, José Manuel Bolieiro, manifestou no domingo solidariedade para com o seu homólogo das Canárias, Ángel Torres Pérez, e ofereceu ajuda.

O vulcão Cumbre Vieja entrou em erupção no domingo na zona de Las Manchas, depois de mais de uma semana em que foram registados milhares de sismos na região.

O fluxo de lava causado pela erupção do vulcão na ilha de La Palma tem uma altura média de seis metros, tendo emitido até agora entre 6000 e 9000 toneladas de dióxido de enxofre e está a avançar a 700 metros por hora. As autoridades referem que há várias estradas afetadas pela erupção, estando algumas delas encerradas ao tráfego por precaução.

As autoridades espanholas já retiraram das zonas de La Palma mais expostas à erupção do vulcão cerca de 5.000 pessoas. Durante a madrugada não pararam, tentando assegurar que as zonas de risco tinham sido evacuadas.

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A ilha espanhola de La Palma, com 85 mil habitantes, é uma das oito ilhas do arquipélago das Canárias e encontra-se a 460 quilómetros da ilha portuguesa da Madeira e 1.428 quilómetros da ilha do Sal (Cabo Verde).

O Cumbre Vieja de La Palma é um dos complexos vulcânicos mais ativos das ilhas Canárias, sendo o responsável por duas das três últimas erupções nas ilhas, o vulcão San Juan (1949) e o Teneguía (1971). A anterior erupção em La Palma ocorreu em 1971, em Teneguía, no sul da ilha, e durou 24 dias.

O vulcão que entrou em erupção este domingo, na zona de Cabeza de Vaca, em Los Llanos de Aridane, tem pelo menos cinco bocas, anunciou o presidente do Cabildo de La Palma, Mariano Hernández Zapata, no encontro com a comissão do Plano de Emergência Vulcânica das Ilhas Canárias (Pevolca), refere a Efe.

Zapata declarou à Televisión Canaria que há lava a sair abundantemente de duas dessas bocas, que já cruzaram a rodovia Tacande em direção às áreas povoadas de Alcalá e El Paraíso, que foram evacuadas.

Os técnicos analisam a evolução da erupção e os dados recolhidos para fazerem previsões para onde o magma pode avançar. As próximas retiradas de população dependem disso, se necessário, acrescentou o presidente do Cabildo de La Palma.

"Esperamos que a lava respeite, que seja benevolente e se dirija para o litoral, causando o mínimo de impactos possível", disse Zapata, acrescentando que poderia ir até Todoque e continuar o seu caminho até ao litoral.

Mariano Hernández Zapata apelou à "responsabilidade e bom senso", perante o facto de "muitas pessoas" se aproximarem da zona da erupção, causando "problemas" nos esforços de evacuação. "Haverá tempo para ver o vulcão", afirmou.

A chegada de lava ao mar pode entretanto provocar explosões e a emissão de gases nocivos para a atmosfera, alertaram as autoridades. O Plano Especial de Emergências Devido a Risco Vulcânico das Canárias prevê intensificar o dispositivo de alerta, estando já em curso a criação de um perímetro de exclusão por mar e por terra, garantiu a Capitania Marítima local.

A Guardia Civil mobilizou mais de 120 agentes, de diferentes unidades, para fazer face à situação. A Unidade de Emergência Militar (UME) tem 67 efetivos e 30 veículos destacados em La Palma, um contingente que irá aumentar ao longo da manhã desta segunda-feira para 180 pessoas e 57 veículos, esperando-se ainda que três hidroaviões cheguem no início da tarde.

A informação foi dada esta manhã pela ministra da Defesa espanhola, Margarita Robles, numa entrevista na televisão Antena 3, onde acrescentou que a possibilidade de enviar algum tipo de material e pessoal especializado em gases está a ser analisada.

Como medida preventiva, foram cancelados vários voos com origem ou destino em La Gomera (uma outra ilha do arquipélago, perto de La Palma) que a companhia de transportes aéreos Binter tinha previsto para hoje.

De acordo com os especialistas, citados pela comunicação social espanhola, a atual erupção vulcânica poderá durar semanas ou mesmo meses.

As cinzas do vulcão em erupção nas Canárias (Espanha) muito dificilmente afetarão a Madeira, pelo menos nos próximos dias, atendendo às previsões meteorológicas atuais, garantiu a meteorologista Maria João Frade, do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

"Em termos do que se prevê para o arquipélago da Madeira nos próximos dias, será muito pouco provável, não é impossível, mas é muito pouco provável, que as cinzas vulcânicas que estão neste momento sobre a região das Canárias tenham impacto no arquipélago da Madeira", disse Maria João Frade à Lusa.

A meteorologista explicou que a previsão para a Madeira para os próximos dias é de vento norte ou nordeste e uma vez que as Canárias ficam a sul da Madeira, "não é provável" que cheguem cinzas vulcânicas às ilhas portuguesas, situadas a menos de 500 quilómetros de La Palma, a ilha espanhola onde está o vulcão que entrou em erupção no domingo.

Esta previsão para a Madeira deve-se a um anticiclone que está localizado a noroeste da Península Ibérica e que é "relativamente intenso" e "também relativamente estacionário" e "pelo menos até dia 23 ou 24 esse anticiclone vai estar posicionado a noroeste da Península Ibérica", acrescentou Maria João Frade.

"Portanto, não é provável que tenha impacto de facto na Madeira, a não ser que haja uma mudança muito significativa destas previsões. Portanto, o mais provável é que tenha impacto nenhum", reiterou.

Segundo a meteorologista, na quarta-feira, ao final do dia, "e mesmo no início de quinta-feira, dia 23, há uma possibilidade de se aproximar uma depressão, mas isto é apenas a muita altitude, nos níveis muito altos", que tem "uma componente de su-sudoeste", mas mesmo assim, continuará a ser "muito pouco provável" algum efeito na Madeira.

Para que as cinzas vulcânicas das Canárias chegassem à Madeira ou fossem empurradas neste sentido, "era preciso que houvesse uma densidade significativa de cinzas nessa altura, era preciso que as cinzas que estão neste momento sobre a região do vulcão conseguissem penetrar até estes níveis tão altos e que o vulcão provavelmente continuasse em erupção", explicou Maria João Frade.

"Há aqui uma série de fatores, é uma conjuntura que era necessária para que apenas com uma componente de sul nos níveis altos da atmosfera as cinzas pudessem chegar à Madeira. Portanto, é muito, muito, pouco provável", sublinhou a meteorologista. "No entanto, é evidente que o IPMA acompanha a situação, acompanha as previsões", realçou.