Internacional
03 outubro 2022 às 11h42

Ucrânia: Líder checheno anuncia envio de três filhos adolescentes para a linha da frente

Ramzan Kadyrov defendeu o uso de "armas nucleares de baixa potência" por parte de Moscovo.

DN/Lusa

O líder da república russa da Chechénia, Ramzan Kadyrov, anunciou esta segunda-feira que vai enviar três dos seus filhos, adolescentes, para lutar na Ucrânia, onde defendeu o uso de "armas nucleares de baixa potência" por parte de Moscovo.

Kadyrov e as suas milícias, conhecidas como os "kadyrovtsy", foram acusados de vários abusos na Chechénia e os seus soldados têm tido um papel relevante na invasão russa da Ucrânia.

Numa mensagem publicada na rede social Telegram, o líder checheno anunciou esta segunda-feira que os seus filhos Akhmat, Eli e Adam, de 16, 15 e 14 anos, respetivamente, estão "há muito tempo" em manobras de treino militar, preparando-se para integrar as forças russas na Ucrânia.

"Chegou a hora para brilharem numa batalha real. Só posso saudar a sua determinação. Em breve, irão para a linha da frente e vão para as áreas mais difíceis", disse Ramzan Kadyrov.

Twittertwitter1576860666584977409

O líder checheno tem 14 filhos, segundo a informação disponível na sua página oficial na Internet, mas os 'media' russos suspeitam que ele possa ter mais.

"Sempre pensei que a principal missão de um pai é ensinar piedade aos filhos e ensiná-los a defender a família, o seu povo e o seu país. Quem quer a paz, prepara-se para a guerra!", escreveu Kadyrov na mensagem.

No sábado, Kadyrov tinha defendido o recurso a "armas nucleares de baixa potência" por parte da Rússia, para reforçar os esforços de invasão da Ucrânia.

"Na minha opinião, medidas mais drásticas devem ser tomadas, seja a declaração da lei marcial nas áreas de fronteira, como o uso de armas nucleares de baixa potência", defendeu o líder checheno, numa mensagem publicada nas redes sociais.

Esta segunda-feira, o Kremlin (Presidência russa) reagiu a este apelo, dizendo que o pedido de Kadyrov foi feito "por motivos emocionais".

"Em tempos difíceis, as emoções devem, no entanto, ser excluídas de qualquer avaliação. Preferimos fazer avaliações objetivas", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, que aproveitou para elogiar a "contribuição heroica" de Kadyrov na ofensiva armada na Ucrânia.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,4 milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa - justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.