Internacional
22 março 2023 às 22h34

"Sempre que se ouve a palavra paz é ordenado um ataque em Moscovo"

Reação de Zelensky ao ataque de drones na Região de Kiev no dia em que foi visitar as tropas perto da linha da frente. Nesta quinta-feira intervém no Conselho Europeu, tal como António Guterres.

O presidente da Ucrânia Volodymyr Zelensky participa no Conselho Europeu, desta vez através de videoconferência, depois de no mês passado ter marcado um ano da invasão em Bruxelas, e um dia depois de se ter dedicado à situação no norte e leste do país, com uma visita às regiões de Kharkiv e de Donetsk, incluindo os arredores de Bakhmut.

Ainda com o presidente chinês Xi Jinping em solo russo, depois de uma cimeira em que o plano de paz de Pequim foi discutido, Moscovo lançou um ataque com drones a áreas habitacionais na Região de Kiev que causou sete mortos. "Sempre que alguém ouve a palavra paz é ordenado um ataque criminoso como este, em Moscovo", reagiu o líder ucraniano.

Os chefes de governo e de Estado dos 27 reúnem-se hoje e amanhã em Bruxelas para mais um Conselho Europeu em que a Ucrânia faz parte da agenda. Desta vez, conta com a participação do secretário-geral da ONU, António Guterres, de manhã, e com Zelensky à tarde. É de esperar que Guterres aborde alguns temas relacionados com o conflito, caso do acordo sobre a exportação de cereais no Mar Negro, e de uma forma mais ampla a segurança alimentar global.

Segundo o programa revelado no convite do presidente do Conselho, Charles Michel, aos 27, a discussão sobre a guerra na Ucrânia inclui a questão da responsabilização dos autores de crimes de guerra, a utilização de bens russos congelados e ainda formas para mobilizar a comunidade global em torno da ordem internacional baseada em regras.

Destaquedestaque411. Para a reconstrução da Ucrânia é necessário 411 mil milhões de dólares (378 mil milhões de euros), estimam o Banco Mundial, ONU, UE e governo ucraniano.

Michel também se referiu ao aumento da capacidade produtiva da indústria de defesa, tendo em conta não só o fornecimento de um milhão de munições a Kiev, mas também a de garantir os stocks na Europa. Na segunda-feira, os ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa da UE aprovaram um pacote de dois mil milhões de euros para produzir e enviar projéteis de calibre 155 mm à Ucrânia, pelo que a discussão deve incidir no financiamento e no reforço do Mecanismo Europeu de Apoio à Paz. Portugal faz parte do grupo de 18 países que vai fazer a compra conjunta de armamento.

A Rússia atacou Kiev e duas outras regiões ucranianas na noite de terça-feira com 21 drones de fabrico iraniano. Foram mortas sete pessoas, incluindo uma criança, e nove ficaram feridas perto da capital no ataque que atingiu uma residência de estudantes e um edifício escolar na cidade de Rzhishchiv, na região de Kiev.

Segundo os militares ucranianos, os sistemas antiaéreos não conseguiram intercetaram cinco dos 21 drones. Horas depois, um novo ataque: desta vez um míssil atingiu um edifício de apartamentos em Zaporíjia, tendo matado pelo menos uma pessoa e ferido 28. Perante estas notícias, o líder ucraniano disse que "todos os ataques russos irão receber uma resposta militar, política e legal".

Oferta dos EUA aos eslovacos

O ministro da Defesa da Eslováquia revelou que o seu governo recebeu uma oferta dos EUA para compensar a ajuda do seu país à Ucrânia. Segundo Jaroslav Nad, por 12 helicópteros de ataque Bell AH-1Z Viper e respetivos 500 mísseis Hellfire, Bratislava pagará 340 milhões de dólares quando o valor do material é superior a mil milhões. Esta compensação decorre do facto de os eslovacos se prepararem para entregar 10 aviões MiG-29 operacionais e outros três para peças e um sistema de defesa aérea KUB, além de os F-16 encomendados aos EUA estarem com um atraso na entrega.

Tanques Abrams no outono

O Pentágono anunciou que irá enviar os tanques M1 Abrams para a Ucrânia mais cedo do que o previsto. Em janeiro, Washington havia dito que iria contribuir com 30 carros de combate M1A2 Abrams, mas que ainda iriam ser produzidos, pelo que a entrega demoraria pelo menos um ano. Agora, o porta-voz do Pentágono Patrick Ryder disse que será mais rápido remodelar os mais antigos M1A1 e tê-los prontos no outono, sem no entanto esclarecer se na mesma quantidade.

Lavrov adverte para urânio

Depois de na véspera Vladimir Putin ter dito que a Rússia seria "forçada a reagir" caso Kiev receba munições com urânio empobrecido, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, disse que este "é um passo no sentido de uma nova escalada, e um passo grave". A secretária de Estado da Defesa britânica Annabel Goldie disse que o seu país se prepara para enviar munições perfurantes de blindados, as quais contêm urânio empobrecido. Lavrov avisou ainda que tais munições iriam "reduzir drasticamente" a capacidade de a Ucrânia de "produzir alimentos de alta qualidade e não contaminados".

Suécia aprova NATO

O Parlamento sueco aprovou a entrada do seu país para a Organização do Tratado do Atlântico Norte com 269 votos a favor e 37 contra. O governo espera a formalização do ingresso na cimeira a realizar-se em julho, só que até lá os Parlamentos da Turquia e da Hungria têm de ratificar a adesão.

cesar.avo@dn.pt