Internacional
06 outubro 2022 às 19h17

Rússia acusa Zelensky de apelar a uma "guerra mundial"

O porta-voz do Kremlin acusou o presidente ucraniano de apelar a uma "guerra mundial" no discurso que dirigiu ao Instituto Lowy, na Austrália. Durante a intervenção, por videoconferência, Zelensky pediu ao mundo para "mostrar força" após a Rússia anunciar a anexação de quatro regiões ucranianas.

DN

O Kremlin acusou esta quinta-feira o presidente ucraniano de apelar a "uma guerra mundial" durante a intervenção que dirigiu ao Instituto Lowy, na Austrália, segundo a Reuters.

Num discurso por videoconferência, Volodymyr Zelensky instou o mundo a "mostrar força" após a Rússia anunciar a anexação de quatro regiões ucranianas: Donetsk, Lugansk, Zaporijia e Kherson.

"O líder da Rússia está agora a analisar cuidadosamente a reação do mundo aos falsos referendos que ele organizou em solo ucraniano e ao anúncio da anexação do nosso território. Ele (Vladimir Putin) está interessado em saber se ainda tem potencial para uma escalada. Se a reação do mundo for fraca agora, a Rússia apresentará uma nova escalada", considerou Zelensky durante o discurso, citado pela Sky News.

"O que deve fazer a NATO? Eliminar a possibilidade de a Rússia utilizar armas nucleares. Mas, acima de tudo, faço novamente um apelo à comunidade internacional, como antes de 24 de fevereiro: ataques preventivos, para que saibam o que lhes irá acontecer se as utilizarem", disse o líder ucraniano

Zelensky acrescentou que não se pode esperar por ataques nucleares russos e sublinhou ser necessário rever a forma como a NATO faz pressão.

Não detalhou, no entanto, o tipo de ataques a que se estava a referir e não fez nenhuma referência à necessidade de ataques nucleares.

O Kremlin já veio condenar as declarações do presidente ucraniano, que, segundo a presidência russa, sugerem que a NATO deve lançar ataques preventivos para descartar qualquer uso por parte da Rússia de armas nucleares, indica a agência de notícias russa RIA.

"Tais declarações nada mais são do que um apelo para iniciar mais uma guerra mundial com consequências imprevisíveis e monstruosas", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.

Após as declarações do presidente ucraniano, o porta-voz de Zelensky, Sergei Nykyforov, explicou que as observações feitas pelo chefe de Estado diziam respeito a sanções preventivas que poderiam ter sido decididas contra Moscovo antes da ofensiva de 24 de fevereiro, e não a ataques militares preventivos.

"O presidente falou sobre o período anterior a 24 de fevereiro. Deveriam na altura ter sido tomadas medidas preventivas, de modo a não permitir que a Rússia começasse a guerra. Recordo que as únicas medidas que foram discutidas na altura foram sanções", sublinhou, no Facebook, Nykuforov, acrescentando que Kiev "nunca" apelaria para a utilização de armas nucleares.

Com Lusa

Notícia atualizada às 22:56