Internacional
02 dezembro 2021 às 22h06

Risco de reinfeção pode triplicar com a variante Ómicron

Dados divulgados por um estudo de cientistas sul-africanos

DN/AFP

Um estudo preliminar realizado por cientistas sul-africanos publicado nesta quinta-feira (2) sugere que a variante Ómicron tem três vezes mais probabilidade de causar reinfeções em comparação com a Delta ou a Beta.

As descobertas, baseadas em dados recolhidos pelo sistema de saúde do país, fornecem a primeira evidência epidemiológica sobre a capacidade da Ómicron para escapar da imunidade de infeções anteriores.

O artigo foi publicado num site de pré-publicação médica e ainda não foi revito por pares.

Os investigadores estudaram 35.670 casos suspeitos de reinfeções entre 2,8 milhões de testes positivos até 27 de novembro. Os casos eram considerados reinfeções se testassem positivo com 90 dias de intervalo em relação a um positivo anterior.

"Recentes reinfeções ocorreram em indivíduos cujas infeções primárias ocorreram em todas as três ondas anteriores, com a maioria a ter sofrido a sua infeção primária na onda Delta", publicou Juliet Pulliam, diretora do Centro de Excelência em Análise e Modelagem Epidemiológica DSI-NRF da África do Sul, no Twitter.

Pulliam advertiu que os autores não tinham informações sobre o estado de vacinação dos indivíduos e, portanto, não puderam avaliar até que ponto a Ómicron escapa da imunidade induzida pela vacina. Os investigadores planeiam estudar isso de seguida.

"Também são necessários dados urgentes sobre a gravidade da doença associada à infecção por Ómicron, incluindo em indivíduos com histórico de infeção anterior", disse Pulliam.

Anteriormente, a importante cientista sul-africana Anne von Gottberg, especialista do Instituto Nacional de Doenças Transmissíveis, previu um aumento nos casos, mas disse que as autoridades esperavam que as vacinas ainda fossem eficazes contra desfechos graves.

"Acreditamos que o número de casos aumentará exponencialmente em todas as províncias do país", disse em conferência de imprensa da delegação africana da Organização Mundial de Saúde. "Acreditamos que as vacinas ainda irão proteger contra doenças graves", acrescentou. As vacinas sempre serviram para proteger contra doenças graves, hospitalizações e morte."

Os especialistas da OMS reiteraram os apelos para serem repensadas as proibições de viagens contra a África Austral, uma vez que a Ómicron já foi notificada em quase duas dezenas de países e a sua origem permanece pouco clara.

"África do Sul e Botswana detetaram a variante. Mas não sabemos onde pode ter sido a origem dela", disse o especialista Ambrose Talisuna. "Punir as pessoas que estão a detetar e reportar... é injusto."

Em meados de novembro, a África do Sul noticiava cerca de 300 casos por dia. Na quarta-feira, o país registrou 8.561 novos casos, ante 4.373 no dia anterior e 2.273 na segunda-feira.