Internacional
17 abril 2021 às 15h57

Rainha Isabel II sozinha no adeus ao príncipe Filipe

Por causa da pandemia, monarca sentou-se sozinha. O mais próximo era o filho André, duque de Iorque, a duas cadeiras de distância.

O caixão do príncipe Filipe, duque de Edimburgo, foi depositado no jazigo real na capela de São Jorge, no castelo de Windsor, depois de uma cerimónia onde estiveram apenas 30 membros da família e amigos. Por causa das restrições da covid-19 e do distanciamento social, a rainha Isabel II sentou-se sozinha, de máscara, no coro da capela, na cerimónia de despedida do marido, que morreu no dia 9 de abril aos 99 anos.

A poucos dias de completar 95 anos (a 21 de abril), a rainha despediu-se daquele que foi, segundo as suas palavras, a sua "força" e o seu "apoio", desde a sua coroação em 1952. A cerimónia, que há anos tinha sido planeada pelo próprio príncipe Filipe, teve que ser modificada por causa da pandemia. A família, que usou máscara, esteve isolada por agregados familiares, com a rainha sozinha (o duque de Iorque era o filho mais próximo, duas cadeiras ao lado, com o príncipe Carlos, o herdeiro, no banco do coro oposto, ao lado da mulher, Camila).

Antes do serviço religioso, houve homenagens militares - o duque cumpriu serviço na Marinha britânica, combateu na Segunda Guerra Mundial e tinha cargos honorários nos três ramos das Forças Armadas. Na homenagem, no espaço exterior dentro dos limites do palácio, participaram cerca de 730 militares, um número mais reduzido do que seria normal num evento deste género.

O caixão foi depois transportado até à capela de São Jorge num Land Rover modificado (planeado pelo próprio Filipe), com os quatro filhos atrás (o príncipe Carlos e a princesa Ana na primeira fila, seguidos dos príncipes André e Eduardo). Na terceira fila seguiam os netos, o príncipe William e Harry, com o primo Peter Philips entre ambos.

As recentes polémicas em torno da família real, após a decisão dos duques de Sussex de se afastarem e viverem nos EUA (Meghan não foi aconselhada a viajar para o funeral, por estar no final da gravidez do segundo filho), foram ignoradas. Os irmãos não caminharam lado a lado até à capela (ninguém usou traje militar, como seria habitual, porque Harry perdeu as honras que tinha), mas saíram juntos depois da cerimónia, sendo vistos a trocar umas palavras.

À chegada à capela, houve um minuto de silêncio, acompanhado em todo o país e noutros locais da Commonwealth. Antes e depois, houve salvas de canhões na Torre de Londres e no castelo de Edimburgo. O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, que normalmente teria um lugar numa cerimónia como esta, abdicou de estar presente para permitir que mais membros da família real pudessem participar, publicando mais tarde uma imagem no Twitter durante o minuto de silêncio.

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Em Windsor, apesar das restrições, centenas de pessoas quiseram estar presentes para prestar a sua homenagem ao marido da rainha. O último funeral real foi o da rainha mãe, que morreu em 2002 aos 101 anos. Nessa ocasião, mais de um milhão de pessoas encheram as ruas em redor da Abadia de Westminster, em Londres, para assistir à cerimónia. A pandemia de covid-19 impediu que uma multidão semelhante pudesse estar presente em Windsor.

Durante o serviço religioso, não houve eulogia ou sermão. O deão de Windsor, David Conner, destacou a "bondade, humor e humanidade" do príncipe Filipe e disse que a nação foi inspirada "pela sua lealdade inabalável à rainha". Já o arcebispo da Cantuária, Justin Welby, agradeceu a sua "fé e lealdade resolutas" e o seu "alto sentido de dever e integridade". O duque de Edimburgo ficará no jazigo real até à morte da rainha, com quem casou há 73 anos, devendo ambos ser depois sepultados lado a lado.

susana.f.salvador@dn.pt