Internacional
22 setembro 2021 às 16h33

"Poço do Inferno". Espeleólogos encontram serpentes, mas não demónios

Uma equipa de espeleólogos de Omã tentou desvendar os mistérios do lendário poço de Barhout, no Iémen, conhecido como "o poço do inferno".

DN/AFP

No deserto da província de Al-Mahra, no leste do país, um buraco redondo e escuro de 30 metros de largura serve de entrada para uma caverna de cerca de 112 metros. Uma maravilha natural que assusta os moradores, que acreditam ser uma prisão para demónios.

Lá dentro, uma equipa de Omã encontrou serpentes, animais mortos e pérolas cinzentas e verdes formadas por gotas de água. Mas não encontraram vestígios de seres sobrenaturais ou cheiros marcantes além de pássaros mortos, disse o chefe da equipe de oito espeleólogos que embarcaram nesta aventura por "paixão".

"Havia cobras, mas elas não fazem nada se não forem perturbadas", comentou à AFP Mohamed al-Kindi, professor de geologia na Universidade Alemã de Tecnologia de Omã.

"Pareceu-nos que este projeto iria revelar uma nova maravilha e parte da história do Iémen", disse o jovem, que também é dono de uma consultoria em exploração de mineração e de petróleo. "Coletamos amostras de água, pedras, solo e alguns animais mortos, mas que ainda precisam ser analisados" antes de publicar um relatório, explicou.

Vários altos funcionários iemenitas disseram à AFP em junho que não sabiam o que havia nesse buraco que eles acreditam remontar a "milhões" de anos. Segundo eles, as autoridades deste país, muito pobre e em guerra, nunca exploraram o fundo do "poço". "Entramos no poço. Chegamos a mais de 50-60 metros de profundidade e senti coisas estranhas dentro", explicou então Salah Babhair, diretor-geral da autoridade local responsável pelos estudos geológicos e recursos minerais.

"É muito misterioso", insistiu.

Durante séculos, foram transmitidas de geração em geração lendas sobre espíritos malignos conhecidos como "djinns" que vivem neste "poço do inferno". A maioria dos moradores evita chegar perto do buraco e até mesmo falar sobre ele, com medo de que isso traga azar.