Internacional
26 novembro 2021 às 18h19

OMS: nova variante é de preocupação e passa a chamar-se Omicron

Variante de preocupação é a classificação mais grave atribuída pela OMS

DN/AFP

A Organização Mundial de Saúde declarou esta sexta-feira que a nova variante de covid-19, detetada pela primeira vez na África do Sul, é uma variante de preocupação, e chamou-a de Omicron.

"Com base nas evidências apresentadas indicativas de uma mudança prejudicial na epidemiologia da covid-19, a OMS designou B.1.1.529 como uma variante de preocupação, chamada Omicron", disse a agência de saúde da ONU em comunicado.

"As provas preliminares sugerem um maior risco de reinfeção com esta variante, em comparação com outras que também são de preocupação", revelaram os peritos da OMS.

A Omicron junta-se assim às variantes Beta (detetada pela primeira vez na África do Sul), Gama (Brasil) e Delta (Índia), que já estavam classificadas como variantes de preocupação.

Cerca de 30 mutações desta nova variante já foram identificadas em lugares como a África do Sul, Botswana ou Hong Kong, o que tem gerado preocupação a nível mundial e a imposição, por parte de países europeus, de restrições a viajantes oriundos de países da África Austral.

Esta sexta-feira, as autoridades belgas detetaram o primeiro caso desta nova variante na Europa. A infetada é uma jovem mulher não vacinada que desenvolveu sintomas 11 dias após viajar para o Egito através da Turquia, indicou o Laboratório Nacional de Referência belga. A paciente parece não ter tido contactos de alto risco fora da sua casa e nenhum membro da família desenvolveu sintomas até agora, acrescentou o laboratório, que está a conduzir uma investigação abrangente a este caso.

Devido à identificação desta mutação do vírus, os Estados-membros da União Europeia decidiram esta sexta-feira suspender temporariamente voos de sete países da África Austral, incluindo Moçambique.

O investigador do INSA João Paulo Gomes afirmou esta sexta-feira que a nova variante do coronavírus detetada na África do Sul é "um motivo de preocupação, mas não é motivo de alarme total", adiantando que ainda não foi identificado nenhum caso em Portugal.

Contactado pela agência Lusa, o investigador do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA) afirmou que esta nova linhagem está em estudo. "Ela emergiu na África do Sul e pensa-se que possa estar associado à elevada taxa de positividade que está agora reportada naquele país", havendo alguns "casos esporádicos" nos países vizinhos, nomeadamente no Botsuana, adiantou João Paulo Gomes.

"Nós continuamos a fazer a vigilância contínua das variantes e nunca até hoje identificamos qualquer caso de infeção associado a esta linhagem", assegurou.

Segundo o microbiologista, é uma linhagem que preocupa a comunidade científica, porque se caracteriza pela presença simultânea de "um anormal número de mutações na proteína de interesse, a proteína 'Spike'".

"Muitas dessas mutações estão na zona de ligação às nossas células e outras são mutações conhecidamente associadas à falha de ligação aos anticorpos e, portanto, o problema desta nova linhagem é que tem muito mais mutações destas do que as outras variantes que nos preocuparam até agora", explicou.

Ressalvou, contudo, que não é por ter a presença simultânea destas mutações relevantes que faz com que seja "mais transmissível ou com associação a falhas vacinais".

"Temos que dar tempo ao tempo. É um motivo de preocupação naturalmente, mas não é motivo de alarme total", considerou.

"É importante que os países façam a sua monitorização, estejam atentos e prontos e vamos ver até que ponto é que ela tem algum impacto não desejável", acrescentou.

O especialista disse ainda que concorda com a medida anunciada pelo Governo de que quem viaja para Portugal tem obrigatoriamente que apresentar um teste negativo, mesmo que esteja vacinado e lembrou que alguns países, nomeadamente o Reino Unido, "nem sequer permite voos originários da África do Sul e do conjunto de países vizinhos para evitar qualquer tipo de introdução".

João Paulo Gomes lembrou que a África do Sul já foi incubadora de uma variante de preocupação, a variante Beta. que não teve uma disseminação muito vincada por todo o mundo, não passou dos 5%.

No entanto, estima-se que tenha atingido cerca de 90 a 95% de todos casos de infeção na África do sul.

"Agora, obviamente, dado o tipo de mutações que esta nova linhagem tem, a última coisa que queremos é que ela se dissemine pelo resto do mundo e, portanto, acho que temos de ter precaução".

em atualização