Internacional
18 janeiro 2022 às 16h39

Norueguês que matou 77 pessoas faz saudação nazi e pede liberdade condicional em tribunal

Há 10 anos, Anders Breivik foi condenado à pena máxima de 21 anos de prisão por atos terroristas que mataram um total de 77 pssoas na ilha de Utøya e no bairro governamental de Oslo.

DN/Lusa

O extremista norueguês que matou 77 pessoas em 2011, Anders Behring Breivik, entrou esta terça-feira num tribunal para uma audiência de liberdade condicional a exibir saudações nazis e mensagens supremacistas.

"Como em qualquer outro Estado de direito, um condenado tem o direito de requerer a liberdade condicional e Breivik decidiu fazer uso desse direito", disse o seu advogado, Øystein Storrvik, à agência de notícias France-Presse (AFP) antes da audiência.

O Tribunal Distrital de Telemark, em Skien, 100 quilómetros a sudoeste de Oslo, deve decidir se Breivik ainda representa um perigo para a sociedade e deve, enquanto tal, ser mantido na prisão.

Há 10 anos, Breivik foi condenado à pena máxima de 21 anos de prisão por atos terroristas na ilha de Utøya e no bairro governamental de Oslo.

A pena de prisão a que foi condenado pode ser prolongada indefinidamente.

Ao abrigo da lei norueguesa, Brevik, agora com 42 anos, é elegível para pedir a liberdade condicional após cumprir os primeiros 10 anos da pena.

Ao entrar na sala de audiências, Breivik, de cabelo rapado e barba bem tratada, fez uma saudação nazi aos juízes e exibiu um cartaz onde se lia a frase, em inglês, "parem com o vosso genocídio contra as nossas nações brancas".

O extremista tinha a mesma frase escrita num papel branco colado na lapela do fato escuro e na mochila, de acordo com as agências de notícias Associated Press e AFP.

Aos juízes, apresentou-se como um "candidato parlamentar do movimento nazi", sugerindo que usará a audiência de liberdade condicional para manifestar as suas opiniões supremacistas brancas, em vez de fazer uma tentativa sincera para uma libertação antecipada.

A 22 de julho de 2011, após meses de meticulosos preparativos, Breivik detonou um carro-bomba junto à da sede do Governo em Oslo, matando oito pessoas e ferindo dezenas.

Depois, foi até à ilha de Utøya, perto de Oslo, onde matou a tiro 69 pessoas, maioritariamente adolescentes, que participavam no acampamento anual de verão da juventude do Partido Trabalhista norueguês, antes de se render à polícia.

O tribunal que o condenou em 2012 considerou-o criminalmente são, rejeitando a opinião da acusação de que era psicótico.

Breivik não recorreu da sentença.

Durante o julgamento, Breivik entrou diariamente na sala de audiências a fazer uma saudação com o punho fechado e disse perante os pais enlutados que desejava ter matado mais jovens.

Na prisão, tentou fundar um partido fascista e contactou por correio extremistas de direita na Europa e nos Estados Unidos.

Os funcionários prisionais apreenderam muitas dessas cartas, para evitar que pudesse inspirar outras pessoas a cometer ataques violentos.

O terrorista de extrema-direita nunca manifestou remorsos e as famílias das vítimas e sobreviventes receavam que resistisse a manifestar as suas opiniões extremistas durante a audiência de três dias para aumentar as hipóteses de uma decisão favorável, mas especialistas consideram pouco provável que lhe seja concedida uma libertação antecipada, segundo a AP.

A audiência está a ser realizada no ginásio da prisão de Skien, onde Breivik cumpre a pena.

A nova sessão está marcada para quinta-feira e espera-se uma decisão no final deste mês.

Esta audiência de liberdade condicional é vista como um teste que o Estado de direito - que Breivik tentou destruir - tem de superar ao tratar o extremista como qualquer outro arguido.

"É um teste para todos nós que uma pessoa que matou crianças, perseguiu pessoas em fuga para as matar e alvejou pessoas que estavam a implorar pelas suas vidas também beneficie dos aspetos liberais da justiça", escreveu o jornal Verdens Gang no editorial de hoje.

"Ele deve ter os direitos que um Estado de direito lhe confere. Não para o bem dele, mas para o nosso. Nenhum terrorista deveria poder mudar o nosso modelo de governação e os direitos legais que se aplicam a todos os cidadãos noruegueses", acrescentou o jornal, citado pela AFP.