Internacional
01 julho 2022 às 23h06

Navalny detalha dia-a-dia na prisão com oficinas de costura e retrato de Putin

O principal opositor de Putin foi transferido em meados de junho para uma cadeia de alta segurança localizada a cerca de 250 quilómetros a leste de Moscovo e conhecida pelos maus-tratos infligidos aos prisioneiros.

DN/Lusa

O principal opositor do Kremlin, Alexei Navalny, detalhou ironicamente o seu dia-a-dia na prisão, destacando as oficinas de costura e as sessões "educativas" sob um retrato do Presidente russo, Vladimir Putin.

Navalny foi transferido em meados de junho para uma cadeia de alta segurança localizada a cerca de 250 quilómetros a leste de Moscovo e conhecida pelos maus-tratos infligidos aos prisioneiros.

Numa mensagem publicada no Instagram, Alexei Navalny narra a sua agenda, acordando todas as manhãs às 06:00 e trabalhando numa oficina de costura no estabelecimento prisional.

"Ficamos sete horas à frente de uma máquina de costura, sentado num banquinho abaixo do nível dos joelhos", escreveu.

Quando não está a costurar, opositor cumpre "atividades educativas" que consistem em estar "sentado durante horas num banco, sob um retrato de Putin".

"No sábado, a jornada de trabalho dura cinco horas. Depois ainda temos de sentar no banco debaixo do retrato", disse.

Domingo é "dia de descanso", mas, lembrou, tem de voltar ao banco novamente "durante 10 horas".

Apesar desse dia-a-dia, Navalny explanou que continua "otimista" aprendeu de cor e inglês passagens de "Hamlet", do dramaturgo britânico William Shakespeare.

"Os presos que trabalham comigo dizem que quando fecho os olhos e murmuro coisas shakespearianas em inglês (...) parece que estou a invocar um demónio", brincou o também ativista.

"Mas isso nem passa pela cabeça, porque invocar um demónio seria uma violação do regulamento interno", acrescentou.

Considerado o principal opositor de Putin, Alexei Navalny foi preso em janeiro de 2021 ao regressar de Berlim, onde passou vários meses em recuperação após sobreviver a um envenenamento, pelo qual responsabiliza o chefe de Estado russo.