Internacional
20 março 2023 às 09h39

Medvedev e a decisão do TPI. Consequências "serão monstruosas" para o direito internacional.

Num tom ameaçador, Dmitri Medvedev critica decisão do Tribunal Penal Internacional de emitir um mandado de detenção contra Vladimir Putin. "Senhores juízes, olhem atentamente para o céu...", ameaçou o antigo presidente russo.

DN/Lusa

O vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitri Medvedev, referiu-se esta segunda-feira em tom ameaçador à ordem de prisão emitida pelo Tribunal Penal Internacional contra o chefe de Estado russo.

A ordem de prisão contra Vladimir Putin foi emitida pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) na sexta-feira.

Numa confusa declaração difundida hoje através do sistema digital de mensagens Telegram, Medvedev, presidente da Rússia entre 2008 e 2012, afirma: "todos estamos à mercê de Deus e dos mísseis".

"O tribunal [TPI] é simplesmente uma organização miserável, não é a população dos países da NATO. Por isso não vai iniciar uma guerra. Tenham medo (...). Assim, senhores juízes, olhem atentamente para o céu...", ameaçou Medvedev na tradução usada pela agência espanhola EFE.

De forma contraditória, na mesma mensagem, o ex-chefe de Estado russo acrescenta que "será completamente inimaginável o uso de um míssil hipersónico Ónix (míssil naval desenvolvido pela Rússia desde 2002) lançado de um navio russo no Mar do Norte contra a sede do TPI em Haia", na Holanda.

No mesmo texto, Medvedev diz ainda que as consequências de uma ordem de prisão contra um chefe de Estado de uma potência nuclear "serão monstruosas" para o direito internacional.

"Agora, já ninguém vai recorrer a instâncias internacionais. Todos os acordos vão funcionar separadamente. Todas as decisões estúpidas das Nações Unidas e outras estruturas vão desfazer-se em farrapos. Começa o tenebroso ocaso de todo o sistema de relações internacionais", diz na mesma mensagem.

O TPI emitiu a ordem de prisão contra Putin apontado como o alegado responsável "pelo crime de guerra de deportação da população (crianças) e transferência da população das zonas ocupadas na Ucrânia", pela Rússia.

Moscovo tem reiteradamente afirmado que não reconhece a jurisdição do TPI.

"Consideramos juridicamente nula qualquer decisão do Tribunal Penal Internacional que não reconhecemos", disse no domingo o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.