Jornalista do Wall Street Journal detido na Rússia por suspeita de espionagem

Evan Gershkovich, correspondente em Moscovo do The Wall Street Journal, foi detido na cidade russa de Yekaterinburg, por suspeitas de espionagem "no interesse do governo norte-americano", indicaram os serviços de segurança russos. Jornal está "profundamente preocupado".

DN/AFP
O jornalista do Wall Street Journal, Evan Gershkovich, foi detido na Rússia por suspeita de espionagem | foto Kirill KUDRYAVTSEV / AFP
 | foto Kirill KUDRYAVTSEV / AFP

Um jornalista norte-americano do Wall Street Journal foi detido na Rússia por suspeitas de espionagem. A informação está a ser avançada esta quinta-feira pelas agências de notícias estatais russas, que citam o Serviço de Segurança Federal Russo (FSB).

"O FSB interrompeu as atividades ilegais do cidadão americano Evan Gershkovich ... um correspondente em Moscovo do The Wall Street Journal, acreditado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, suspeito de espionagem no interesse do governo americano", indica o comunicado das autoridades russas.

Um tribunal distrital de Moscovo determinou, entretanto, que o jornalista fique detido durante dois meses, após uma audiência à porta fechada.

Gershkovich vai ficar detido "por um período de um mês e 29 dias, ou seja, até 29 de maio de 2023", declarou o tribunal de Lefortovsky , em comunicado.

De acordo com o The Guardian, o jornalista foi detido na cidade Yekaterinburg, nos Montes Urais. O FSB alega que Gershkovich estava a "recolher informações classificadas sobre as atividades de uma das empresas do complexo industrial militar russo", acrescenta o jornal britânico.

O Wall Street Journal declarou, em comunicado, que está "profundamente preocupado com a segurança do senhor Gershkovich". O jornal norte-americano fez ainda saber que nega as alegações de espionagem contra o jornalista.

"O Wall Street Journal nega veementemente as alegações do FSB e quer a libertação imediata de nosso confiável e dedicado repórter, Evan Gershkovich. Estamos solidários com Evan e com a sua família", pode ler-se na nota.

França manifesta preocupação com detenção de jornalista

A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, afirmou, entretanto, que o jornalista foi "apanhado em flagrante".

"Infelizmente, não é a primeira vez que a condição de correspondente estrangeiro, visto de imprensa e acreditação é utilizada por estrangeiros no nosso país para encobrir atividades que não são jornalísticas. Este não é o primeiro ocidental conhecido a ser apanhado em flagrante", disse Zakharova numa mensagem publicada nas redes sociais.

A França já reagiu a esta detenção por parte das autoridades russas, manifestando preocupação.

"Estamos particularmente preocupados e tivemos a oportunidade de condenar a atitude repressiva da Rússia" em relação aos media russos e estrangeiros, disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores Anne-Claire Legendre.

O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo disse, entretanto, que é muito cedo para negociar uma possível troca de presos com Washington envolvendo o jornalista do Wall Street Journal.

"Algumas trocas que aconteceram no passado incluiam pessoas que já estavam a cumprir pena", disse Sergei Ryabkov, citado pela agência de notícias estatal russa RIA.

Antes do Wall Street Journal, Gershkovich, de 31 anos, trabalhou para a AFP a partir de Moscovo.
Anteriormente, foi jornalista do The Moscow Times, um site de notícias em inglês.

Gershkovich fala russo e os seus pais moram nos Estados Unidos, mas são da União Soviética, indica a AFP.

O The Guardian refere que o jornalista corre o risco de ser condenado a 20 anos de prisão, caso seja condenado pelo crime de espionagem.

Notícia atualizada às 14:12