Internacional
17 setembro 2021 às 08h24

Ilhas Faroé vão repensar tradição após massacre de 1.400 golfinhos

A "grind" ou "grindadrap" consiste em encurralar os cetáceos numa baía, onde são mortos por pescadores que permanecem em terra. As imagens de mais de mil golfinhos ensanguentados na praia geraram muitas críticas.

DN

As imagens das águas ensaguentadas e do areal repleto de golfinhos mortos gerou uma onda de contestação a nível internacional, que já levou o governo local das ilhas Faroé a dizer que irá reavaliar a tradição ancestral que permite o abate em massa deste animais.

Todos os anos acontece esta prática, chamada de "grind" ou "grindadrap", que consiste em encurralar os cetáceos numa baía, onde são mortos por pescadores que permanecem em terra. No domingo voltou a realizar-se e foram abatidos mais de 1.400 golfinhos.

A Sea Shepherd, uma associação que faz campanha contra a caça de baleias e golfinhos, descreveu esta tradição como bárbara e exigiu o seu fim.

Numa primeira reação às críticas, no início da semana, o governo local defendeu a matança. "Não há dúvida de que a caça aos cetáceos nas Ilhas Faroé é um espetáculo dramático para as pessoas pouco habituadas à caça e abate destes mamíferos. Estas caçadas são, no entanto, bem organizadas e totalmente regulamentadas", disse à agência France Presse (AFP) um porta-voz do governo.

Mas este ano verificou-se um massacre de magnitude invulgar, segundo a AFP, já que normalmente, são caçadas cerca de 600 baleias-piloto. Além disso, a quantidade de golfinhos -de-faces-brancas, cuja caça também é permitida, mortos chocou a comunidade internacional. "Não temos uma tradição de caça destes mamíferos, geralmente há alguns na caça, mas normalmente não matamos tantos", disse um repórter da televisão pública local KVF, Hallur av Rana.

Esta quinta-feira, o governo das ilhas Faroé afirmou que iria analisar novamente a prática da caça aos golfinhos. "O governo decidiu iniciar uma avaliação das regulamentações sobre a captura de golfinhos do lado branco do Atlântico", disse o primeiro-ministro do arquipélago do norte, Bardur a Steig Nielsen, em comunicado. "Embora essas caças sejam consideradas sustentáveis, vamos observar atentamente as caças aos golfinhos e que papel devem desempenhar na sociedade faroense", acrescentou, citado pela AFP.